O problema não é um fenômeno exclusivo da pequena loja de calçados. Segundo o Banco Central, a zona leste é líder nos indicadores de atraso das operações de crédito para a pessoa física na região metropolitana.
Em São Paulo, o ranking dos maus pagadores é liderado pelos clientes que vivem em bairros com código postal que começa em "08", como Cidade Tiradentes, Guaianases, Itaquera e São Miguel Paulista, além de municípios vizinhos como Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba. Os dados constam do Sistema de Informações de Crédito (SCR) do Banco Central.
Nessa área da Grande São Paulo, 13% das faturas de cartão de crédito têm atraso superior a 15 dias. O porcentual é mais que o dobro do visto no centro de São Paulo, onde clientes que vivem na Bela Vista, Higienópolis e Jardim Paulista têm atraso médio de 5,9% nesse tipo de operação. O extremo leste é também campeão em atraso no crédito pessoal (9,3%) e no financiamento para compra de veículos (2,4%).
Oscar Argeri conhece o problema muito antes de qualquer indicador econômico e, mesmo assim, a Focus Calçados continua oferecendo crediário próprio e sapatos podem ser parcelados em até dez vezes sem juros. "As pessoas são honestas, mas quando a situação aperta precisam escolher o que vão pagar. Aí, é melhorar esperar para receber do que não levar nada."
O próprio Argeri pega o telefone e manda mensagens pelo WhatsApp para lembrar da dívida. "Se o cliente responde, congelo a dívida e não cobro juro. Normalmente, pagam 60 ou 90 dias depois", diz. "Quando não consigo contato em 60 dias, eu protesto o nome da pessoa. Mas só 5% da carteira tem esse tipo de problema. A maioria paga."
Mas a crise também atingiu a loja e os atrasos ficaram mais longos. Nos últimos meses, alguns dos clientes chegaram a ficar até 180 dias sem pagar. "Quando a crise acabar, muita gente estará com nome sujo. No shopping, não vão conseguir comprar nada parcelado, mas vamos financiar e vão voltar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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