Política Titulo Para fornecer uniformes
Paço de Diadema contrata empresa suspeita de cartel

Acusada de integrar esquema de superfaturamento
de uniformes, Nilcatex fornecerá kits por R$ 6,6 mi

Junior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
19/01/2017 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


A Prefeitura de Diadema contratou, por R$ 6,6 milhões, a empresa Nilcatex Têxtil, investigada pelo Ministério Público de São Paulo por suspeita de envolvimento em esquema de cartel e superfaturamento de uniformes na Capital, para fornecer kits das vestimentas aos alunos.

O acordo entre a Nilcatex, sediada em Blumenau (Santa Catarina), e o governo do prefeito Lauro Michels (PV) é válido por um ano e foi celebrado em outubro. O certame foi realizado após impasse envolvendo o edital lançado pela gestão verde em 2016, que foi barrado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). Por conta disso, os 32 mil alunos dos ensinos Infantil e Fundamental ficaram sem os kits.

A compra feita pelo Paço envolve 125,4 mil conjuntos (contêm calça, blusa, três camisetas de mangas curta e longa e dois pares de meias), além de tênis para os estudantes. A unidade do kit das peças de tamanhos menores, destinados aos matriculados em creches, por exemplo, custaram R$ 71,42 para o Paço. O conjunto com roupas maiores foram comprados por R$ 75,04 cada. Já os calçados custaram R$ 29,75 o par. Ao todo, são 32,5 mil kits.

O envolvimento da Nilcatex na chamada máfia dos uniformes veio à tona em 2012, ano de eleição municipal. Djalma Silva, ex-funcionário de outra firma que fornecia uniformes ao governo do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD, 2006 a 2012) – atual ministro da Ciência , Tecnologia, Inovações e Comunicações –, a Diana Paolucci, delatou à revista IstoÉ que os donos de fornecedoras da Prefeitura da Capital, entre elas a Nilcatex, temiam que possível vitória de Celso Russomanno (PRB) no pleito pudesse desfazer esquema de fraudes em licitações.

Segundo Djalma Silva, Eldo Castello, dono da Nilcatex, informou ao grupo que havia sido acertada propina de 4% com o secretário de Educação Alexandre Schneider (PSD) – que voltou a comandar a Pasta no governo João Doria (PSDB) – e que somente a vitória de José Serra (PSDB) garantiria a sobrevivência do esquema. Schneider era vice de Serra, atual ministro das Relações Exteriores e, no fim, quem acabou levando a disputa foi Fernando Haddad (PT).

O grupo, que também envolvia a Capricórnio S/A, consistia em vencer a licitação, importar os uniformes e revender ao governo paulistano por preços dez vezes maiores. De acordo com a denúncia, a máfia atuava no governo do Estado em outras cidades, como Santo André e São Caetano.

Questionada se tinha ciência do envolvimento da Nilcatex no caso, a Prefeitura de Diadema se limitou a informar que a empresa “participou do processo atendendo aos requisitos da licitação, oferecendo a melhor proposta e atendendo as especificações”. “Não há condenação nem impedimentos da mesma para participar (de licitações).” 




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