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Famílias já fizeram ajustes e adiam compras de bens não essenciais, diz IBGE
13/12/2016 | 12:16
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As famílias brasileiras já fizeram seu próprio ajuste fiscal e agora adiam compras de bens que não são considerados essenciais, apontou Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Todas as atividades do varejo acumulam queda nas vendas nos 12 meses encerrados em outubro, mas as perdas são menos acentuadas para supermercados (-3,5%) e artigos farmacêuticos (-0,8%). "As atividades de hipermercados e farmacêutica, que são bens essenciais, têm queda, mas abaixo da média. As famílias já fizeram seus ajustes e realmente estão adiando compras de bens não essenciais, e principalmente que envolvem parcela mais elevada da renda ou período maior de financiamento", disse Isabella.

Na média do comércio varejista, o recuo alcançou o recorde de -6,8% em outubro. No varejo ampliado, que inclui os setores de veículos e material de construção, a perda em 12 meses está em 9,8%.

Os setores com as maiores retrações foram livros e jornais (-16,8%), veículos e motos, partes e peças (-16,1%), móveis e eletrodomésticos (-14,3%), e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-13,5%).

As demais perdas foram assinaladas por material de construção (-12,3%), tecidos, vestuário e calçados (-11,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-10,3%) e combustíveis e lubrificantes (-10,0%). "Há um movimento espalhado de perdas, não está concentrado em algumas atividades", ressaltou a gerente do IBGE.

Além da inflação que corroeu o poder de compra da população e afetou especialmente as atividades com aumentos maiores, a deterioração do mercado de trabalho também prejudicou o consumo das famílias no último ano, contou a pesquisadora.

Em relação a outubro de 2015, as vendas do comércio encolheram 8,2%. O número de trabalhadores com carteira assinada recuou mais do que já vinha caindo no ano anterior, assim como a massa de rendimentos real recebida pelos ocupados.

"A perda da massa de rendimento influencia direto os supermercados, que tem relação muito grande com a renda das famílias. A diferença do mercado de trabalho é que a conjuntura de 2015 para 2016 ficou mais negativa para a massa de rendimento, e para o volume de trabalhadores com carteira assinada, indicador importante para a confiança, porque tem toda a segurança que o emprego formal dá", explicou Isabella.

Os juros mais altos e o crédito mais restrito também atrapalharam as vendas de bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos. "Está 10% mais caro pegar um empréstimo em outubro desse ano do que era em outubro de 2015", lembrou a pesquisadora. "É claro que eletrodoméstico não é só juros, tem renda também, tem outros fatores inibidores", acrescentou.

Em relação a outubro de 2015, houve perdas em todas as atividades do varejo em outubro deste ano: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-6,5%); Móveis e eletrodomésticos (-13,3%); Combustíveis e lubrificantes (-10,4%); Tecidos, vestuário e calçados (-12,1%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-7,6%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-6,1%), Livros, jornais, revistas e papelaria,

(-17,3%); e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-6,7%).

No varejo ampliado, a queda de 10,0% para o volume de vendas teve influência ainda de Veículos, motos, partes e peças (-13,5%) e de Material de construção (-13,8%). O volume de vendas do comércio varejista recuou em 25 dos 27 estados, com recuos mais intensos na Paraíba (-18,7%) e no Amapá (-16,9%), mas os maiores impactos sobre o total nacional foram de São Paulo (-6,4%) e Rio de Janeiro (-10,6%).

Perdas concentradas

As perdas no comércio varejista na passagem de setembro para outubro foram mais concentradas do que nos meses anteriores. O recuo de 0,8% no volume vendido foi determinado pelas quedas nos setores de supermercados e combustíveis, prejudicados por pressões inflacionárias, explicou Isabella.

Os supermercados venderam 0,6% menos, enquanto combustíveis tiveram retração de 1,7%, dentro da Pesquisa Mensal de Comércio."Essas atividades estão com pressão inflacionária maior que a média, tanto supermercados como combustíveis", disse Isabella.

Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, a inflação acumulada em 12 meses encerrou outubro em 7,9%, enquanto os aumentos de preços acumulados pela alimentação no domicílio alcançaram 14,8% no mesmo período.

Na comparação com outubro de 2015, os supermercados tiveram uma perda de 6,5% nas vendas, o pior desempenho desde junho de 2003, quando a queda alcançou 8,6%. "Outubro começa com um ritmo mais acentuado de perda de vendas do que nos trimestres anteriores", disse Isabella.

A queda de 8,2% registrada pelo varejo restrito em outubro ante outubro foi a mais intensa da série histórica, iniciada em 2001. O desempenho negativo ainda se dá sobre uma base de comparação baixa, já que em outubro de 2015 o varejo já tinha encolhido 5,7%, lembrou Isabella.

A pesquisadora ressaltou ainda que, nos trimestres anteriores, o varejo vinha encolhendo em ritmo menor: -7,0% no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano anterior; -6,9% no segundo trimestre; e -5,6% no terceiro trimestre.




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