Setecidades Titulo Em meio a boatos
Casos de tentativa de rapto de crianças são investigados
Daniel Tossato
Do Diário OnLine
09/12/2016 | 12:11
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Atualizada às 16h25

Casos de tentativa de raptos de crianças estão sendo investigados por delegacias da região. O assunto ganhou grande repercussão nas redes sociais nas últimas semanas, com diversos vídeos e relatos.

Para o delegado titular do 6º DP (Vila Luzita) de Santo André, Fábio Guimarães,  todos os casos registrados estão sendo investigados, porém alguns boatos têm atrapalhado os policiais. Segundo o agente, muitos fatos relatados pelas supostas vítimas não se sustentam. “Os pais chegam aqui assustados, achando que tentaram levar seu filho, porém percebemos que eles já estão sugestionados devido ao clima que se criou. De toda a forma, sempre mobilizamos agentes para averiguar a situação”, explicou. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo confirmou quatro casos na região.

O primeiro ocorreu em 16 de agosto, em São Bernardo, e a ocorrência continua sendo investigada através de inquérito. Pouco mais de um mês depois, em 21 de setembro, o segundo caso ocorreu em São Caetano, porém foi registrado como ameaça e constrangimento ilegal e continua em investigação. No dia 17 de novembro se deu o caso mais conhecido, quando Driele Pereira Baciga, 25 anos, caminhava com seu filho de apenas 5 meses em uma via da Vila Luzita. Segundo o boletim de ocorrência, a mulher foi abordada por um homem que saiu de um veículo e exigiu que entregasse a criança. Como a mulher se negou e começou a gritar por socorro, o homem se assustou, entrou no carro e fugiu. O homem foi preso no dia seguinte por agentes do 6º DP (Vila Luzita), em Santo André. Em Diadema, no dia 24 de novembro, o quarto e último caso até então é registrado no 4º DP da cidade, porém também como ameaça e constrangimento. Segundo a Secretaria de Segurança, os casos não tem quaisquer ligação.

Guimarães ainda reforça que não houve nenhum caso concreto de rapto de crianças em toda região. “Não houve qualquer tipo de sequestro. Até o momento os relatos apontam apenas para a tentativa de rapto de crianças. Podemos estar vivendo um episódio de histeria coletiva.”

Quem também tem acompanhado os relatos e entendido que os boatos têm mais prejudicado do que ajudado as forças policiais é o Delegado Seccional de São Bernardo, Aldo Galiano. Segundo o delegado, as pessoas têm que tomar muito cuidado ao compartilhar notícias que circulam pelas redes sociais. “Temos que analisar a veracidade das informações. As pessoas não podem disseminar estas notícias para não aumentar a sensação de falta de segurança”, disse.

Galiano explica que criou um grupo especial para acompanhar as notícias e os fatos relacionados aos supostos casos de tentativa de raptos de criança. “Esse é um tipo de crime que comove a população. Sendo assim são mobilizados muitos policiais”, explicou.

Em meio a inúmeras ligações e notícias que rodam os aplicativos de bate-papo, Galiano faz um paralelo com trotes e comunicações de falsas ocorrências que muitas vezes prejudicam o trabalho dos bombeiros e dos policiais. “Algumas vezes enviamos policiais para averiguar alguma situação e não é nada demais. Estes mesmos agentes poderiam estar atuando onde a população precisa de fato”, concluiu.


Histeria

Para a psicóloga Angélica Capelari, da Universidade Metodista de São Paulo, o grande clima de insegurança relatada por pais e mães da região está atrelado ao tipo de crime. Angélica explica que os filhos são os maiores bens dos pais e, por isso, eles se sentem mais vulneráveis. “As notícias se disseminam de maneira muito rápida. Os pais preferem ficar em estado de vigilância do que não acreditar”, explica a profissional.

A psicóloga conta também que, a partir do momento em que vivemos num ambiente onde a violência é intensa, os pais acabam se sentindo desprotegidos. “Por mais que não haja, de fato, nenhum caso concreto de rapto de crianças, os boatos são muitos. Esse tipo de situação cria um ambiente favorável para que as pessoas acabem tendendo a acreditar”, explicou.




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