Cotidiano Titulo
É Natal!
Rodolfo de Souza
08/12/2016 | 07:00
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Parece que Papai Noel está meio triste neste ano. Basta que se olhe ao redor para se constatar que as noites não brilham como brilharam em Natais de outrora. Teria perdido, essa gente, o gosto pelos arranjos natalinos? Estaria agora propensa a cultuar a tristeza, deixando de lado a alegria?

É certo que o desânimo vem brilhando nos gramados deste gigantesco estádio, não é de hoje! Isso é fato. Talvez porque essa torcida ande praticando exageradamente o esporte nada saudável de assistir à TV, é que esta aporrinhação entediante vem habitando a sua mente e deixando aquele sabor amargo de derrota, de que o aborrecimento é, sem dúvida, a última alternativa que lhe resta.

Mas televisão é isso, um veículo que, por cumprir diretinho o seu papel de informar, também costuma encher os lares tupinambás com muita tristeza. Porque chateação, amigo, faz parte do cotidiano. Não é mesmo?

O problema é quando ela é fornecida por atacado. E, justamente por saber que o telespectador consome vorazmente matérias do gênero, é que se põe a trabalhar, o dedicado e incansável produtor de programas televisivos, a fim de suprir os aparelhos de casa, com muita lágrima. Intuito primeiro de garantir pontos extras na sua audiência, claro.

De circo, afinal, vive este imenso e respeitado público que fora treinado para só de circo viver. Judiação! Habituou-se, pois, a digerir as notícias sobre o seu país, que também fomentam a ideia de que nada mais resta a não ser a morte, de que se está cercado pelo desespero resultante de uma economia falida que teve origem lá na antiguidade quando a corrupção foi inventada e depois cultivada com amor pelos meios políticos daqui. Gente com a mesma aparência física do povo, que veio conspirando contra ele durante décadas, só para angariar riquezas que, todos sabem, são oriundas deste câncer que corrói as entranhas desta rica nação, desde tempos imemoriais.

E governos mal geridos, com recursos espoliados, ficam sem dinheiro para investir em áreas vitais como Segurança, por exemplo, o que permite ao bandido matar à revelia, consciente que é da impunidade. E também faz o povo se encher de temor ao lembrar que, se por uma fatalidade, depender do sistema público de Saúde, morrerá na fila ou nos corredores.

E a ele, povo, ainda fica a conta para pagar. Enorme soma que é retirada de seu salário miúdo, direto para os bolsos do poder. Mas essa gente não pode reclamar, porque tem circo. A televisão aberta se encarrega de levar a essa massa programinhas que iludem, que fazem passear, a imaginação popular, pelas belas casas e jardins, distantes milhares de quilômetros da sua realidade.

Não bastasse, ainda, todo esse espetáculo patético, aproveita-se também, a mídia, da desgraça alheia para desviar o olhar desatento do pobre de espírito, do coitado que acredita no discurso barato quando digita o número do candidato, sem qualquer expectativa de ver melhorar a sua vida e a do seu país.

Mas, neste momento, está em curso a aprovação de um conjunto de medidas que será enfiado goela abaixo desta Nação. O remédio tem que ser amargo para curar – é o discurso que a população envelheceu ouvindo. E nada mudou ou mudará.

Logicamente que isso não passará incólume: o povo protesta. Sai pelas ruas em passeata, com cartazes, os mais diversos. Mas e daí? O porco também grita antes do abate, e morre mesmo assim! Talvez se lutasse...

Mas não há problema, não. Se os ânimos se exaltarem, ofereça-lhes circo que eles voltam a sorrir ou a chorar – é o que manda a cartilha do conservadorismo em que está mergulhado este imenso pasto.




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