Cultura & Lazer Titulo Música
Elegante e repleta de pluralidade

Cantora Bruna Caram apresenta seu quarto disco,
'Multialma’, e mostra lados compositor e sanfoneiro

Vinícius Castelli
21/11/2016 | 07:00
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Divulgação


 Bruna Caram é intensa, poética e, ao mesmo tempo, delicada e certeira quando precisa soltar a voz para temas mais do que necessários. Se antes seu foco era cantar – tarefa que faz com brilho –, agora ela também compõe. A artista dá vida ao disco Multialma (R$ 23,90, em média), seu quarto trabalho, ilustrado por 12 faixas, uma delas releitura de Além da Última Estrela, de Dominguinhos e Fausto Nilo. “É o meu primeiro álbum como letrista e compositora”, diz ao Diário.

Bruna conta que esperou para compor quando fosse uma necessidade, algo natural. Para se tornar compositora, foram dois os ‘culpados’: sua sanfona e seus parceiros. Além de se aventurar nas composições, Bruna também toca sanfona em Violeta, faixa que abre o repertório. O instrumento, que lhe foi dado de presente, hoje é seu xodó. “Ganhei do meu avô violonista, pouco antes de ele morrer. Ele não tocava sanfona e até hoje não sei por que tinha uma. Já estava muito debilitado para me explicar. Por isso não larguei mais dela. É uma relíquia que veio do meu mestre.”

Na casa dos 30 anos, Bruna se sente mais ousada hoje. Ao mesmo tempo, mais serena, faz as coisas com menos pressa e sem aflição. Talvez por isso ela apresente, agora, trabalho tão plural. No disco, mergulha na sonoridade brasileira e aposta em MPB com pitadas de baião e vários outros temperos. “Foi tudo que ouvi até a adolescência e queria escutar isso mais claramente na minha discografia. Queria sanfona, percussão, um sotaque nordestino. Sou do frevo, do forró. Foi exigência minha quando escolhi o Fonta (Alexandre Fontanetti, produtor do disco). Desejava um trabalho inconfundivelmente brasileiro.”

O álbum conta com parceiros de composição como Zeca Baleiro, Chico César, Paulo Novaes, Roberta Sá e Duda Brack, entre outros. Todas as canções são autobiográficas e Bruna aproveita, inclusive, para falar de temas importantes. “O machismo não é uma posição, é uma violência. Digo que essa letra (Vou Pra Rua>) veio de uma vez, ‘vomitada’, porque havia muita coisa engasgada que eu precisava da canção para dizer. Minha felicidade é ter saído uma música irônica, divertida: afinal, este assunto é muito, muito sério, mas não queria uma canção de ódio.”

Com sonoridade orgânica, Multialma conta com contrabaixo elétrico, guitarras, bateria, clarinete, violão – entre outros –, tem arranjos cuidadosos e, assim como o disco anterior, é independente. Para Bruna, o que faz a diferença não é ser parte de uma gravadora, mas ter boa equipe. “Não me seduz a ideia de ficar ultrafamosa da noite para o dia. Saboreio minhas conquistas e sei quanto me custaram”, afirma.




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