Dadas as circunstâncias da crise econômica, que não dá sinais de arrefecer, o desastre anunciado ontem pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) já era esperado. No acumulado de janeiro a outubro, o volume de vendas de automóveis zero-quilômetro recuou 22,28% em relação ao mesmo período do ano passado. Todavia, dados encontram cenário diferente, bem mais positivo. Pela primeira vez, a região, grande produtora automotiva, parece inclinada a reverter a situação.

A disposição se configurou na primeira entrevista do prefeito eleito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), a este jornal. O tucano, cotado para assumir a presidência do Consórcio Intermunicipal a partir do ano que vem, demonstrou vontade de encabeçar força-tarefa para discutir com as montadoras estratégias para a retomada da produção.

Por enquanto, a atitude é pessoal, mas nada impede de que ela se amplie para o coletivo por meio do Consórcio. Morando tocou no assunto ao falar sobre reforma tributária no município. Disse que pretende se reunir com as diretorias de Ford, Mercedes-Benz, Scania e Volkswagen para discutir como a cidade pode ajudar no fomento ao emprego. “Vou iniciar peregrinação pelas montadoras para saber se a partir do ano que vem, quando a economia vier a crescer, elas têm a pretensão de lançar os produtos nas plantas de São Bernardo”, disse o prefeito eleito.

É evidente que a retomada do emprego depende muito mais da conjuntura macroeconômica, mas os chefes de Executivo municipal podem, e devem, entrar na batalha. Estancar demissões e fazer com que a indústria volte a empregar trabalhadores são responsabilidades difusas; todos podem compartilhar para a solução do problema. Prefeitos têm alguns instrumentos com que podem atuar para estimular o setor e as consequentes contratações. Redução de impostos e criação de leis de incentivo fiscal são dois deles, mas certamente existem outros, a depender da criatividade e da disposição de trabalhar de cada um. O Grande ABC respira esperança.