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Itaú Unibanco avalia que crescimento só vai se consolidar com reformas aprovadas
27/10/2016 | 16:48
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O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, afirmou que "o crescimento no País só vai se consolidar com reformas aprovadas" pelo Congresso Nacional. Ele apontou que tais mudanças estruturais são fundamentais para recuperar a credibilidade nas perspectivas macroeconômicas, com avanço dos investimentos, recuperação do consumo e redução do desemprego.

Mesquita destacou que foi positiva a aprovação pela Câmara dos Deputados da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que impõe o teto de crescimento dos gastos do governo federal. Ele trabalha com a aprovação de uma reforma da Previdência em 2017 que estabelece idade mínima de 65 anos e que na prática não determinaria vinculação da variação de benefícios ao salário mínimo.

"Sem a aprovação da PEC 241 pela Câmara, poderia ser plausível imaginar o risco País retomar os 500 pontos, o que seria compatível com uma cotação do dólar a R$ 4,00", apontou. Os comentários de Mesquita à imprensa marcaram sua estreia como economista-chefe do Itaú Unibanco, cujo antecessor foi Ilan Goldfajn, atual presidente do Banco Central.

Vitória do BC

Mesquita afirmou que está em curso um processo significativo de redução da inflação, pois a taxa deve fechar este ano em 6,9%, depois de ter atingido 10,67% em 2015. "Nossa previsão é IPCA com alta de 4,8% em 2017. Há uma queda da inflação, uma vitória do BC com desinflação", destacou.

O economista-chefe apontou que espera uma redução dos juros de 0,50 ponto porcentual na reunião do BC em novembro. Um dos fatores que colaborará para a elevação do ritmo do corte da Selic é que o nível de atividade em agosto e setembro mostrou desempenho mais fraco do que o esperado.

Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco, comentou que o PIB deve cair no terceiro trimestre para um número "mais perto de 1,0% do que de 0,5%", na margem. "Os dados vão levar a essa decisão de corte dos juros um pouco mais intenso", comentou Mesquita.

Motivos da recessão

O economista-chefe do Itaú Unibanco afirmou que a recessão atual foi influenciada pelo patamar de juros do governo Dilma Rousseff. Ele destacou que a gestão da política monetária em 2011 reduziu os juros em momento que não seria oportuno, o que fez com que mais tarde a Selic fosse elevada para combater a inflação. O nível de atividade já estava muito fraco e isso piorou ainda mais o Produto Interno Bruto (PIB).

"Ao invés de chamar a ambulância, chamaram o BOPE", comentou Mesquita. "Subir os juros para atacar a inflação foi correto. Mas talvez teria sido melhor não ter baixado tanto antes", disse. Neste contexto, com a política monetária calibrada, talvez poderia ter sido atenuado naturalmente o processo de elevação registrado pelo IPCA anos depois.

De acordo com Mesquita, como a inflação está em processo de queda, pois deve ficar em 6,9% neste ano e ir para 4,8% em 2017, o Banco Central terá condições de reduzir a Selic para 10% ao final do próximo ano.

Câmbio

O Itaú Unibanco estima que a taxa de câmbio deve fechar este ano entre R$ 3,20 e R$ 3,30 e deve encerrar 2017 em R$ 3,50. "Estes são números que consideram nossos fundamentos. Pode até chegar a R$ 3,00 agora, mas o mais provável é que termine 2016 por volta de R$ 3,20 e R$ 3,30", comentou Mário Mesquita.

Para o Itaú Unibanco, como há uma estabilização no processo de crescimento da China, os preços de commodities não causarão problemas às exportações do Brasil no próximo ano, o que não trará impactos significativos sobre o câmbio no País.

Segundo Mário Mesquita, há um cenário de crescimento moderado em 2017 para os países desenvolvidos e melhor para os emergentes, com destaque para as recuperações do Brasil, Rússia e Argentina. Para ele, o mundo deve registrar uma expansão de 3,5% no próximo ano. Nos países avançados, destaque para os Estados Unidos, que deverão registrar um incremento próximo a 2,2%.

"Essas projeções consideram um cenário com a vitória de Hillary Clinton às eleições presidenciais americanas", comentou Mesquita. "Contudo, não são favas contadas. As pesquisas eleitorais mostram que não pode ser descartada uma vitória de (Donald) Trump", disse.

Com Hillary ou Trump na Casa Branca, Mesquita apontou que há uma perspectiva de expansão dos gastos fiscais, o que vai impulsionar os juros nos EUA.




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