Economia Titulo Até setembro
Região elimina 23,5 mil postos com carteira até setembro

Montante equivale quase 10% do total de vagas formais geradas em 13 anos, entre 2002 e 2015

Vinícius Claro
Especial para o Diário
27/10/2016 | 07:17
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Denis Maciel/DGABC


O Grande ABC eliminou, em nove meses, quase 10% do saldo de empregos gerados ao longo de 13 anos, entre 2002 e 2015, que totaliza 246 mil postos com carteira assinada. Somente de janeiro a setembro deste ano, no entanto, já foram demitidos 23,5 mil trabalhadores formais.

Apenas em setembro, 3.151 profissionais perderam o emprego. No acumulado de 12 meses, o montante chega a 40 mil demitidos.

Os números, do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, evidenciam o reflexo da crise econômica, que se mostra mais intensa nas sete cidades devido à maior concentração de indústrias.

Para o economista Ricardo Balistiero, coordenador do custo de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, o resultado não surpreende, porque já era prevista aceleração no desemprego por conta da fraca demanda interna e do processo recessivo. “Talvez no fim do ano, devido às contratações temporárias, consiga observar uma estabilização na queda do volume de emprego, mas estamos muito longe de gerar empregos novamente”, afirma.

O economista baseia sua opinião em informações de que as grandes empresas estão reduzindo o número de horas extras por funcionários. De acordo com ele, esse é o primeiro movimento que uma companhia adota quando há sinal de melhora nos resultados. “É utilizado um recurso que já existe, aumentando a carga dos trabalhadores, Agora, se essas horas estão reduzidas, a geração de emprego passa longe.”

Para Balistiero, essa movimentação aconteceu motivada por expansão fiscal do País, quando muitas empresas tomavam empréstimos a juros baixos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). “Foi um movimento que causou a ilusão de que a economia cresceu com geração de empregos. Isso realmente aconteceu, entre 2004 e 2005, em um período que tínhamos situação mais confortável, com inflação baixa e equilíbrio fiscal. A partir de 2006 e 2007, as companhias passaram a usar muito recurso público para financiamentos, o que aumentou endividamento, que estamos pagando agora.”

Para que haja início de retomada, o economista espera que a partir da metade de 2017 os números do emprego passem a ser positivos. No entanto, isso não pode ser considerado crescimento, mas recuperação dos postos perdidos nos últimos meses.

Balistiero explica que, para recuperar o patamar de crescimento será um período longo, entre cinco e dez anos. No entanto, essa trajetória é traçada em cenário que considera que não haja mais complicações na política econômica, ou seja, sem que o governo federal seja atingido pela Operação Lava Jato, por exemplo.


MUNICÍPIOS - Em setembro, todas as sete cidades apresentaram queda nos postos de trabalho, sendo o resultado mais expressivo em São Bernardo (-1.847), Diadema (-285) e Santo André e São Caetano (-280 em cada). No acumulado do ano, São Bernardo também lidera as demissões, com saldo negativo de 11,1 mil, seguida por Santo André (-5,4,mil) e Diadema. (-4,2 mil).

A indústria é o setor responsável por mais da metade das eliminações (-12,2 mil). seguida por serviços (-4,8 mil), comércio (-3,9 mil) e Construção Civil (-2.000).  




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