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Pet terapia beneficia crianças de S.Bernardo

Cachorros, corujas e até macacos são usados no tratamento de 93 pacientes com transtornos mentais

Nelson Donato
especial para o Diário
27/10/2016 | 07:07
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Marina Brandão/DGABC


Cachorros, tartarugas, corujas, araras, macacos e até lagartos. Quem vê tantos animais reunidos imagina tratar-se de zoológico. No entanto, em São Bernardo, os bichos atuam em consultório e ajudam crianças e adolescentes que têm distúrbios mentais. A ideia é auxiliar os pacientes na socialização, alfabetização e, é claro, incentivar o respeito à natureza.

Grupo de voluntários da Arte Psico, associação sem fins lucrativos, realiza o trabalho social há dois anos, na Avenida Senador Vergueiro, 3.195, no Rudge Ramos. Criadora do projeto, a psicopedagoga e pet terapeuta Thainara Morales, 26 anos, uniu sua profissão à paixão pelos animais com o objetivo de melhorar a vida daqueles que sofrem de transtornos psíquicos. Atualmente, são atendidos 93 pacientes, sendo que 78 pagam R$ 130 mensais – preço abaixo do mercado, onde o benefício chega a custar R$ 900 por mês – e 15 são assistidos gratuitamente.

Durante as sessões, as crianças e jovens recebem explicações sobre Educação Ambiental da equipe profissional que os acompanha. Conforme a psicóloga Sofia Moreno Langes, a alfabetização de crianças com deficiência, tarefa complexa, se torna mais fácil com o auxílio dos animais, especialmente os cachorros.

Na manhã de ontem, a equipe do Diário acompanhou sessão no consultório, que contou com a presença das corujas Hades e Aragon, da arara Mike, e do lagarto Atlas. Os irmãos Vinícius, 8, e Miguel Andrade da Silva, 5, frequentam o espaço desde novembro de 2015. Conforme a psicóloga, os dois tiveram melhora significativa na atenção durante as aulas.

“Ver crianças que chegavam com dificuldade de aprendizado ou de socialização mudarem para melhor é incrível. Infelizmente, muitas delas sofrem preconceito na escola. Por isso, criamos historinhas fazendo analogia com as diferenças dos animais para mostrar que não ser igual aos outros não é algo ruim.”

Maria Luiza Pereira Gonçalves, 14, tem síndrome de Down. A paciente apresentou melhoras significativas desde que iniciou a terapia, no fim de maio. “Apesar de ela ainda sofrer bullying dos colegas de classe, houve melhora. Antes, a Malu tinha medo de animais, principalmente de cachorros. Agora, ela já faz carinho nos cães e se socializa mais com as pessoas”, conta a mãe da adolescente, Luciana Pereira, 57.

Outro paciente que apresentou evolução foi Thiago de Freitas Cavalcante, 12. Diagnosticado com transtorno desafiador opositivo, o jovem apresentava dificuldades para se relacionar com os pais e colegas. Porém, após o contato com os animais, principalmente com cachorros, houve melhora do desempenho na escola. “Meu filho é muito agitado e dificilmente obedece. Desde que a Thainara começou a cuidar dele, houve melhoras. Ele se acalmou, conversa mais com as pessoas”,comemora a mãe, Claudete de Freitas Pereira Cavalcante.

APOIO
Os benefícios práticos da utilização de animais em terapias dependem também dos cuidados veterinários dispensados aos bichos. Para isso, a Arte Psico conta com a parceria da profissional especializada em animais silvestres Elisa Tibério. “Eles (animais) devem possuir as documentações emitidas pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), além de passar por exames regulares”. 




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