Doença que mais mata mulheres no Brasil, apesar de ser curável, o câncer de mama ganhou no País um mês todo dedicado à sua prevenção. Outubro Rosa. Embora a iniciativa seja louvável, infelizmente tem sido utilizada no Grande ABC como cortina de fumaça para ocultar o descaso com que as sete cidades cuidam dos pacientes acometidos pelo mal. Todos os municípios fazem marketing da campanha, mas poucos desenvolvem ações efetivas.

Reportagem publicada hoje pelo Diário mostra que desenvolver câncer de mama na região beira a sentença de morte para mulheres que dependem da rede pública. Os prazos para passar pelos exames de detecção da doença nas unidades de Saúde do Grande ABC são extremamente dilatados, o que faz toda a diferença no caso de males agressivos.

Se é preciso estimular que as mulheres realizem o autoexame das mamas, a principal bandeira do Outubro Rosa, seria necessário também que o sistema público de Saúde estivesse preparado para, sem nenhum atraso ou qualquer demora, atender àquelas que, perscrutando o corpo, tenham identificado qualquer indício da doença. Afinal, de pouco vale ao paciente saber que sofre de um mal se não tiver meios disponíveis de tratá-lo – e vencê-lo.

Campanhas de conscientização são muito bem-vindas, mas só terão o impacto almejado se forem complementadas por ambulatórios equipados com aparelhos e médicos capazes de dar pronta acolhida às mulheres.

O Grande ABC, infelizmente, ainda está longe de atingir esse estágio. Aos sete municípios, faltam recursos humanos e técnicos para garantir a tranquilidade e os cuidados necessários às mulheres com tumor no seio. Demorar três meses para obter diagnóstico de câncer de mama pode ser decisivo na luta pela vida. Como sabe a medicina, são as maiores as chances de cura quanto menor o intervalo decorrido entre as suspeitas e a detecção do mal.