No dia 30, o eleitorado de Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá irá novamente às urnas para definir seus governantes para os próximos quatro anos. A história política da região – a partir de 1992, quando a eleição passou a ter dois turnos em todo o País – aponta para retrospecto favorável aos candidatos vencedores da primeira jornada.

Desde o primeiro confronto, em 1996 (quando cidades passaram a ter número de eleitores para levar a concorrência ao segundo turno), foram 11 embates, sendo apenas três viradas. A extensão do pleito ocorre quando um candidato não atinge mais da metade dos votos válidos (50%). Em São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não ocorre segundo turno em virtude do quórum inferior a 200 mil eleitores.

No dia 2, o resultado mostrou vantagem para Paulinho Serra (PSDB) ante Carlos Grana (PT) em Santo André; Orlando Morando (PSDB) à frente de Alex Manente (PPS), em São Bernardo; Lauro Michels (PV) na liderança sobre Vaguinho do Conselho (PRB) em Diadema; e Atila Jacomussi (PSB) superior a Donisete Braga (PT) em Mauá.

De acordo com especialistas ouvidos pelo Diário, a tendência é pela manutenção do voto. Contudo, eles relembram viradas históricas que partiram de momentos inesperados.

“Entre o primeiro e o segundo turnos é um período tão curto que não tem mudança muito drástica, mas varia de caso a caso, apesar de haver tendência já no primeiro turno. Depende essencialmente de qual é a configuração do primeiro turno. O potencial de crescimento deles vai depender do setor social que eles representam e do acúmulo de votos dos candidatos que não venceram”, analisou Maria Caramez Carlotto, cientista política da UFABC.

“Um exemplo foi na eleição de 2012, na Capital. O Fernando Haddad (PT) conseguiu a virada sobre José Serra (PSDB) ao captar imagem de política inovadora entre os eleitores. E isso conseguiu confrontando com o tucano no segundo turno. É muito da percepção das ações”, comentou Francisco Fonseca, professor das universidades PUC e FGV.

Das viradas registradas até o momento, dois casos foram em Diadema. Em 2004, depois de fechar o primeiro turno com uma vantagem de aproximadamente 10 mil votos, o hoje vereador José Augusto da Silva Ramos (PSDB) viu seu rival, José de Filippi Júnior (PT), então prefeito, sagrar-se vencedor com apenas 554 votos a mais. “É difícil comentar porque existem muitas dúvidas sobre aquela eleição”, sintetizou Zé Augusto, que sempre acusou falhas naquele pleito.

Na eleição passada, Lauro Michels, então opositor a Mário Reali (PT), ficou em segundo no primeiro turno e, depois, impediu a reeleição do petista ao vencer com 60,44% dos votos válidos. “A eleição passada foi muito diferente. Naquela ocasião conseguimos avançar perto do fim do primeiro turno, quando a população de fato enxergou os problemas da gestão do PT”, pontuou Lauro. Para esta eleição o verde garante que manterá o resultado sobre Vaguinho.

Outra reversão aconteceu em 2008, em Santo André, quando Aidan Ravin (PSB) derrotou Vanderlei Siraque (PT), após tirar desvantagem – no primeiro turno o petista registrou 182,3 mil votos contra 81,1 mil; na reta final, Aidan, então no PTB, obteve 214 mil adesões e Siraque perdeu eleitores: 175,5 mil.

Em desvantagem em São Bernardo, Alex Manente (PPS) não se apega em retrospecto. “A expectativa é boa (para reverter o cenário). Tenho muito claro que o efeito televisivo o ajudou (no caso de Orlando Morando). Houve muita inserção do PT e do PSDB na TV, isso faz diferença. No segundo turno não haverá essa ajuda.”