Setecidades Titulo Santo André
Prefeitura dribla legislação para solucionar caso Guarará

Para especialista, Paço de Sto.André abriu concorrência emergencial não prevista na lei

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
01/10/2016 | 07:00
Compartilhar notícia
Celso Luiz


 Aberto pela Prefeitura de Santo André na quarta-feira, o processo de contrato emergencial que visa selecionar empresa de ônibus para substituir a operação de 15 linhas da Expresso Guarará dribla a legislação federal ao descumprir itens previstos na lei 8966/93 que institui normas para licitações públicas. Segundo o advogado e presidente do DEM, Fernando Marangoni, após não cumprir cláusulas contratuais previstas no acordo de concessão, o Paço optou por criar uma modalidade de concorrência não existente na Constituição como medida para evitar qualquer processo de improbidade administrativa do prefeito Carlos Grana (PT). A administração nega a informação citando apenas o número da lei, sem artigos, que garante a efetivação do trâmite.

De acordo com Marangoni, que na sexta-feira passada protocolou pedido de liminar requerendo suspensão do processo, ao encaminhar carta-convite para possíveis interessadas no certame, o Paço realizou a junção de dois procedimentos de licitações distintos, o que em tese anula a efetividade do contrato. “O que eles (Prefeitura) fizeram foi sugerir uma contratação emergencial que no fundo é uma licitação. No documento enviado pela Prefeitura eles citam o termo ‘seleção emergencial’, o que não existe. Ou é contrato emergencial ou é licitação.”

Na avaliação do especialista, a medida foi utilizada pela Prefeitura de forma premeditada. “A conduta deles foi justamente para anular erros anteriores. Analisando uma jurisprudência foi possível notar que o Paço não efetivou soluções previstas na lei (7916/97, que regulamenta o sistema de transporte público da cidade). Assim que eles tiveram conhecimento do encerramento das atividades da Guarará eles deveriam ter notificado a empresa ou ter oferecido um subsídio financeiro para a continuidade do serviço. No entanto, nada disso foi feito”.

Para Marangoni, a conduta do Paço pode ter sido uma saída encontrada para evitar possíveis processos que podem acarretar na inelegibilidade de Grana. “Se ele abrisse e fizesse um contrato emergencial, a Justiça iria aceitar o nosso pedido após identificar a ausência de ações da Prefeitura para solucionar os problemas da Guarará e a omissão do Paço em não efetivar ações previstas na concessão”.

Após sete dias, ontem finalmente usuários foram informados oficialmente sobre o encerramento das atividades da Guarará. Com medo do serviço ser interrompido, passageiros agora aguardam definição da empresa que irá operar os serviços na região. A Prefeitura marcou para segunda-feira a abertura e seleção das propostas encaminhadas por 26 empresas interessadas em assumir as linhas no dia 8.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;