Setecidades Titulo Educação
Sesi Itapark encerrará atividades
Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande ABC
27/09/2016 | 07:07
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Ricardo Trida/DGABC


Ao invés de expansão, perda na Educação. Na sexta-feira, pais de alunos do Sesi 406 (Serviço Social da Indústria), localizado há mais de três décadas no Jardim Itapark, em Mauá, foram comunicados que a escola encerrará as atividades em dezembro. A justificativa, passada pela diretora da regional do Sesi em Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Scarlett Angelotti, em reunião com os familiares dos estudantes, foi a de que a decisão precisou ser tomada em razão da dificuldade financeira de manter o funcionamento.

De acordo com os relatos dos pais, a unidade possui 400 alunos, sendo que os do Ensino Fundamental e do 2º e 3º anos do Ensino Médio serão transferidos para o Sesi do bairro Adelina e os do 1º ano do Ensino Médio, para o do Jardim Zaíra. “O Sesi do Adelina não tem espaço para tanto aluno”, salienta o ex-estudante da unidade Lucas Garcia Silva, 15 anos.

A EJA (Educação para Jovens e Adultos), que também era oferecida na escola, foi cortada e funcionou só até o ano passado.

O anúncio deu conta ainda de que nem todos os funcionários poderão ser absorvidos.

O Sesi é mantido por recursos provenientes de contribuições mensais – no valor de 1,5% do montante da remuneração paga aos empregados – recolhidas compulsoriamente das indústrias, que com a crise econômica pela qual o País atravessa desde o ano passado, têm cada dia mais enfrentado perda de receita e, muitas vezes, a falência.


O impacto nas finanças teve reforço com o anúncio, em 2015, da redução em 30% dos recursos repassados pela União ao Sesi e ao Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), que integram o chamado Sistema S.

MENSALIDADE
Desde 2007, o Sesi passou a cobrar uma taxa mensal de seus estudantes, “como forma de subsidiar, parcialmente, as despesas com serviços educacionais”. Os valores variam conforme a série e beneficiários (funcionários que mantêm vínculo empregatício com empresas industriais ou equiparadas) pagam um valor menor. De acordo com os pais, a quantia varia de R$ 60 a R$ 272.

“Antigamente os pais não pagavam, já passamos por momentos piores da indústria e eles tinham como manter a escola. O prédio é da Prefeitura e tive informação que ela não está pedindo o prédio. Hoje, pagamos taxa e eles alegam que não têm condições de manter? Queríamos entender isso”, falou o metalúrgico Anderson Albuquerque Brito, 35, pai de quatro alunos. “Eles não querem pagar o pato, mas a gente tem que pagar”, acrescentou, fazendo referência à campanha Não Vou Pagar o Pato – Diga Não ao Aumento de Impostos, promovida pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Paulo Skaf, presidente da entidade, foi o responsável pela criação da mensalidade no Sesi.

Com o comunicado do fechamento do Sesi 406, os pais, além de perplexos, estão preocupados. Para chegar ao Sesi Adelina o aluno terá que pegar três ônibus (um para ir ao Centro outro para o Jardim Itapeva e o terceiro para, enfim, concluir o trajeto). “Estou desempregada há um ano e quatro meses e não terei como pagar passagem para levar minha filha de 7 anos. Infelizmente, terei que tirá-la e procurar uma escola municipal”, lamenta Andreia Cristina Barbosa Pereira, 31.

Procurada para posicionar-se sobre o assunto, a assessoria do Sesi disse que só conseguiria responder hoje. Já a Prefeitura de Mauá, que não confirmou se é a proprietária do prédio, limitou-se a declarar que não recebeu nenhum comunicado sobre o assunto por parte do Sesi e, por isso, não iria se manifestar. 




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