Após um ano e quatro meses do fechamento da Fiat Itavema na Avenida Ramiro Colleoni, em Santo André, está definido o futuro do terreno de 10 mil metros quadrados – que chamava a atenção de quem passava pelo local pelo fato de deixar expostas ao tempo dezenas de veículos. O espaço foi adquirido pela loja de autopeças Mercado Car.

A negociação foi intermediada pela Paulo Bio, de Mauá. De acordo com o representante da imobiliária Dawson Dotto, a negociação foi concluída no fim de julho, mas só foi divulgada após laudo realizado pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) para certificar que o terreno estava livre de contaminação. O processo levou cerca de 60 dias. “Por se tratar de imóvel de grande porte, a negociação não foi demorada.”

A equipe do Diário apurou que a intenção da Mercado Car é iniciar reformas no espaço no início de 2017 e, entre junho e julho, abrir a unidade. Questionada sobre geração de emprego no local, a empresa não se pronunciou.

A loja será a primeira da marca no Grande ABC, que já possui seis unidades. sendo uma em Guarulhos e cinco na Capital – uma dessas, inclusive, fica aberta 24 horas. O investimento não foi revelado.

PROCESSO - O terreno na Ramiro Colleoni passou por indefinições no meio do processo. Na época em que a concessionária fechou as portas, em maio de 2015, especulou-se a compra da área pela rede de supermercados Walmart. O negócio, no entanto, não se confirmou.

O endereço chegou a ser ocupado por outra concessionária Fiat, a Solo, mas não vingou, devido à crise econômica, que tem retraído as vendas de veículos zero-quilômetro.

Após o fim das operações, os carros continuaram parados na área externa da loja, e muitos deles enferrujaram ao ar livre. O Diário também apurou que os automóveis permaneceram no local por excesso de estoque – a Fiat não teria espaço em outras concessionárias e optou por deixá-los no terreno. Após a efetivação do negócio, em uma semana os veículos foram retirados.

CONTRAMÃO - A venda do espaço para a Mercado Car acontece em um momento em que o setor de autopeças é um dos que mais crescem no País. A mudança do comportamento da população é a responsável por esse movimento. Com o crescimento do desemprego e menor renda disponível, em vez de comprar um carro novo, as pessoas têm optado por consertar o usado ou trocar por seminovo.

De fato, dados da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) mostram que, no primeiro semestre, o faturamento do ramo de autopeças e acessórios no Grande ABC cresceu 10,8%, enquanto o varejo, no geral, caiu 2,9%.

Além disso, a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) aponta que, para cada carro zero vendido, ao menos cinco seminovos são comercializados.

As concessionárias de veículos da região têm sentido o baque e vêm fechando as portas na região. Segundo informações do Sincodiv-SP (Sindicato dos Comerciários e Distribuidores de Veículos do Estado de São Paulo), em torno de 15 unidades fecharam as portas desde dezembro 2014. Hoje, a entidade estima que as sete cidades tenham cerca de 80 revendedoras.