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Mercedes posterga PDV até o meio-dia de hoje

Diante da adesão de 1.028 operários, 55%
do pretendido, montadora começou a demitir

Soraia Abreu Pedrozo
Paula Oliveira
07/09/2016 | 07:14
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André Henriques/DGABC


A Mercedes-Benz postergou em mais um dia o prazo para que funcionários da fábrica de São Bernardo façam a adesão ao PDV (Programa de Demissão Voluntária). Hoje, feriado nacional da Independência do Brasil, o RH (Recursos Humanos) da empresa opera até o meio-dia para efetuar os desligamentos voluntários.

A última data para assinar o PDV tinha sido segunda-feira. Dos 1.400 empregados pretendidos pela companhia, 1.028 aderiram. O montante representa 55% do excedente atual, de 1.862 funcionários, ou seja, faltam 834 para fechar a conta da montadora – isso porque, em julho, foi detectado que havia 2.500 colaboradores ociosos na planta da região, e o PDV anterior recrutou 638 deles.

Diante da situação, a Mercedes iniciou, já na sexta-feira (quando o total de adesões era de 980 pessoas), o envio de telegramas anunciando a demissão de cerca de 500 operários, conforme estimativas do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

“O PDV atingiu desta vez 1.028 trabalhadores, mas, de julho para cá, somam-se 1.666 funcionários que aceitaram o programa. De fato, não foi atingido o número de 1.400 inscrições neste novo programa, mas trata-se de volume expressivo, então estamos apelando para que a empresa não efetue novas demissões”, afirma o diretor administrativo do sindicato, Moisés Selerges. A montadora não confirma os números da entidade.

Após nova negociação, a Mercedes avisa que, quem recebeu a correspondência, também pode aderir ao plano de desligamento voluntário, que é extensivo aos cerca de 9.000 empregados da fábrica são-bernardense. Além das verbas rescisórias, são oferecidos R$ 100 mil para qualquer trabalhador, independentemente do tempo de casa. Com isso, é provável que o volume de demitidos neste programa suba para, pelo menos, 1.528. E, no total entre julho e agora, chegue a 2.166. Traduzindo: a unidade da região terá encolhido seu efetivo em torno de 25% em apenas dois meses.

Uma das alternativas discutidas entre a entidade e a empresa é colocar os trabalhadores que ainda forem considerados excedentes – se mais 500 aderirem hoje, sobrarão 334 –, em processo de lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho), pois o custo não ficaria alto, e a companhia poderia manter por um tempo maior os empregos diante do cenário de economia ruim.

“Nós demos alternativas porque sabemos que qualquer demissão é ruim, mas a empresa não mudou de postura”, diz Selerges. Segundo ele, o sindicato fará reunião hoje para decidir qual o melhor modo de tratar a empresa. “Após isso, novo processo de sensibilização e luta deve começar.” O que for decidido será informado aos trabalhadores amanhã.

Em agosto, a Mercedes enviou comunicado informando que este é um dos piores momentos de sua história, e que isso se deu por conta da forte crise econômica, e da queda nas vendas de caminhões de janeiro a agosto (-23,4%) e ônibus (-24,7%) da montadora. Ainda no mês passado, a empresa colocou a fábrica inteira em licença remunerada por dez dias, sendo que 1.400 deles já estavam afastados desde fevereiro, e os mesmos continuaram em casa após o retorno. Ou aderiram ao PDV.
 




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