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Trabalhadores da Mercedes propõem PDV mais vantajoso

Segundo funcionários, teto de R$ 85 mil não
atrai, mas se valor fosse maior haveria adesão

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
24/08/2016 | 07:07
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André Henriques/DGABC


Os trabalhadores da Mercedes-Benz aprovaram, entre as medidas para contingenciar o excedente de profissionais na fábrica de São Bernardo, que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sugerisse à empresa a reabertura de PDV (Programa de Demissão Voluntária). Porém, com valor máximo maior que o oferecido no último plano, em julho, com teto de R$ 85 mil. A companhia aceitou estudar a proposta, mas, em reunião com a entidade, ontem à tarde, questionou a eficácia da ferramenta, que, ao seu ver, teve baixa adesão em suas últimas edições.

Mesmo sem apostar muito na possibilidade de reabrir PDV, a diretoria da Mercedes afirmou que vai conversar a respeito do assunto com profissionais da matriz, na Alemanha. Nesta semana, inclusive, a unidade são-bernardense deve receber delegação alemã.

De acordo com o diretor do sindicato Moisés Selerges, um dos maiores problemas do PDV no formato em que vem sendo oferecido aos operários é que ele atrai basicamente duas categorias, e que não são maioria na empresa. “Ou tem a adesão de quem está prestes a se aposentar, que pega o dinheiro e arca com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) faltante, ou daquele muito novo, que não quer mais trabalhar em chão de fábrica. O grosso, que está no grupo de pessoas entre 30 e 40 anos, não interessa”, avalia.

Trabalhadores da montadora disseram, em entrevista ao Diário, sem revelar nomes, que a proposta mais recente não era atraente porque o valor era baixo, e não valia a pena nem para aqueles profissionais com pouco tempo de casa – que, segundo Selerges, são maioria hoje na unidade da região.

“O PDV deveria oferecer valores mais altos, como foi na Volkswagen, em que trabalhador com seis anos de casa conseguiu ganhar R$ 120 mil. Na Mercedes, um com dez anos não consegue nem a metade”, afirma um deles. “Entendemos que existe a crise e que a montadora quer enxugar seu efetivo, diminuindo dos atuais 9.000 para 7.000 pessoas. Mas, para isso, ela precisa oferecer incentivo maior.”

Embora no PDV recente o teto de benefícios oferecidos para os empregados se desligarem voluntariamente fosse de R$ 85 mil, no que foi aberto antes dele, em junho – o de julho, na verdade, foi uma prorrogação desse – a proposta limitava os valores a R$ 115 mil. Conforme a Mercedes, foi justamente devido à baixa adesão, de 630 pessoas, que ela decidiu enviar os telegramas de demissão na semana passada. Mesmo sem cravar o número pretendido de demissões, estima-se que sejam 1.870.

“Se a Mercedes oferecesse um bom dinheiro, acho que o PDV seria opção, principalmente para quem já estava em licença remunerada antes de a fábrica inteira ser afastada. Para quem tem pouco tempo, entre cinco e sete anos de firma, que é a maioria das pessoas, também valeria a pena”, analisa outro profissional. Hoje, os 9.000 profissionais estão licenciados, desde o dia 15, mas grupo de 1.400 já está em casa desde fevereiro, sendo alguns deles há mais de um ano.

Um dos operários tem até um plano B, caso a proposta de desligamento seja interessante. “Procuro não pensar na demissão, mas se não tiver opção, penso em abrir negócio na área da saúde ou na área de alimentação, que sempre têm demanda.”

REFORÇO - Na sexta-feira, o ministro do Trabalho e Emprego, Ronaldo Nogueira, foi à sede do sindicato, em São Bernardo, onde indicou a possibilidade de aumentar a contrapartida do governo no PPE (Programa de Proteção ao Emprego).

Na segunda, a entidade entregou ao vice-governador do Estado de São Paulo, Márcio França, proposta de incentivo envolvendo o ICMS para empresas do setor automotivo que se comprometerem a não demitir.  




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