Diarinho Titulo Dia do Folclore
Tradição das nossas lendas
Luis Felipe Soares
Diário do Grande ABC
21/08/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O costume de ouvir histórias fantásticas regionais é o que mantém vivas as lendas brasileiras. Na semana na qual se comemora o Dia do Folclore, celebrado amanhã (22), a nova geração ainda se diverte e aprende lições ouvindo contos protagonizados por populares personagens, casos do Boi-Bumbá, Cuca, Negrinho do Pastoreio e Boto-Cor-de-Rosa.

Alunos do segundo ano do Ensino Fundamental do Colégio Singular Júnior, em Santo André, terão vida agitada a partir de amanhã, quando os professores começarão a intensificar ensinamentos sobre esse universo mágico. “Achei legal a história do Curupira. Aprendi que ele tem os dentes verdes, cabelos vermelhos, os pés virados para trás e protege a floresta”, explica Bruna Torres, 8 anos, explicando que os passos ao contrário deixados por ele confundem os caçadores para que não façam mal à mata.

Uma das figuras mais conhecidas é o Saci-Pererê, com representações em filmes e seriados nacionais, a exemplo das versões do Sítio do Picapau Amarelo. Felipe Dechechi, 7, revela que é fã do garoto negro de touca vermelha que pula em um pé só. “Gosto porque ele apronta muita coisa. É cheio de pegadinhas e prefere ficar na ‘zoeira’”, diz. “Também tem a Mula Sem Cabeça, que parece ser bem brava.”

Muito do que conhecemos sobre o folclore veio da cultura indígena. Entre as histórias está a ‘Lenda da Mandioca’. “Uma índia nasceu bem mais clarinha que os outros da sua aldeia. Todos gostavam dela, mas ficou doente e morreu, sendo enterrada na oca da família. No local, cresceu uma raiz que, por dentro, era tão branquinha como a indiazinha”, conta Maria Fernanda Vasconcelos, 8.

Apesar de os amigos aprenderem muito sobre as lendas nacionais na escola, grande parte desse conhecimento é passado em conversas. “Uma pessoa conta para outra, que conta para outra pessoa. Também pode ser o pai que fala para os filhos e passa para toda a família. Vai de geração para geração”, comenta Luca Cimenton, 7, atento a todos detalhes para repassar o que tem aprendido.

Pequenas crenças do dia a dia também fazem parte dessa cultura

Tudo na vida tem folclore. Seja em pequenas crendices (como o fato de tomar manga com leite poder ser mortal), superstições (bater três vezes na madeira para afastar pensamentos ruins) ou na história de sua família há sempre elementos que remetem a antigos contos populares. Até mesmo costumes culinários de várias regiões do Brasil, a exemplos do frango caipira e do acarajé, fazem parte desse universo.

Muitos desses contos se espalharam ao longo dos anos graças ao trabalhos dos catequistas, uma vez que os índios já tinham rica cultura. Foram sendo somadas tradições de outras comunidades, seja dos africanos ou japoneses, grupos muito fortes no País. É interessante perceber que um mesmo personagem pode ter vários nomes em locais diferentes.

Espetáculo explora a importância do folclore

Figuras como Curupira, Lobisomem e Boto-Cor-de-Rosa estão em perigo e a boneca Lili precisa impedir que sejam esquecidos. Essa é a ideia do espetáculo A Lenda Sumiu!, em cartaz hoje, às 15h30, no Teatro Santos Dumont (Avenida Goiás, 1.111. Tel.: 4221-8347), em São Caetano.

Na peça do grupo Impacto Agasias, a bruxa Malvadócia deseja trancar elementos do folclore brasileiro em um baú, uma vez que esses personagens se enfraquecem conforme as pessoas os deixam de lado. Lili conta com a ajuda das crianças do público e das próprias lendas para enfrentar a perigosa vilã.

Com valores entre R$ 15 e R$ 30, os ingressos estão à venda na bilheteria do local e por meio da internet (www.compreingressos.com). Há um ditado que diz ‘quem conta um conto aumenta um ponto’, ou seja, a pessoa que revela uma história sempre acrescenta alguma coisa ao relato. O folclore resiste graças a esses contadores de histórias.

O Dia do Folclore nasceu em 1846, quando o estudioso britânico William John Thoms (1803-1885) criou o termo ‘folklore’, reunindo as palavras em inglês ‘folk’ (povo, em português) e ‘lore’ (sabedoria)

Criaturas como duendes, gênios, gnomos, fadas e pé-grande fazem parte do folclore internacional e deixaram seus países para serem famosos em todo mundo




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