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Varejo da região tem o pior maio em 8 anos

Setores que mais sentem retração no consumo são vestuário, móveis, farmácias e perfumarias

Vinícius Claro
Especial para o Diário
18/08/2016 | 07:23
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Divulgação


O faturamento do comércio varejista do Grande ABC teve o pior mês de maio desde o início da série histórica, em 2008, de acordo com a FecomercioSP (Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). A pesquisa, cedida com exclusividade ao Diário, mostra que as vendas dos estabelecimentos comerciais da região atingiram R$ 2,6 bilhões, marca que tomou o posto de pior resultado, até então registrado em maio de 2009, auge da crise econômica, quando foram computados R$ 2,63 bilhões.

O faturamento de maio também indica diminuição de 6,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando as cifras atingiram R$ 2,78 bilhões. No acumulado do ano, a queda é de 4,3%, para R$ 12,7 bilhões.

Dentre as nove atividades pesquisadas, seis apresentaram queda, principalmente as lojas do setor de vestuário, tecidos e sapatos, com redução de 30,3% em relação a maio de 2015, e de 31,9% nos primeiros cinco meses do ano.

Para o assessor econômico da FecomercioSP Guilherme Dietze, o impacto da crise é evidente e tem gerado, inclusive, o fechamento de lojas, o que reduz o desempenho na arrecadação do setor.

Sinal de que a recessão tem atingido mais fortemente o Grande ABC é a queda nas receitas de farmácias e perfumarias, de 20,1% no mês e 17,3% no acumulado de 2016. A região foi a única do Estado, entre 16 pesquisadas, a apresentar recuo neste segmento. “O Grande ABC é muito impactado pelo setor automotivo, que registra quedas consideráveis neste ano. Quando esse segmento é muito abalado, causando demissões acima da normalidade, como tem ocorrido, há uma restrição na economia local.”

Na contramão de queda vem o setor de autopeças e acessórios, que registra aumento de 17,5% em maio e de 9,4% no acumulado do ano. Apesar do crescimento em percentuais, Dietze explica que o volume movimentado com as vendas não é animador, já que se trata do segundo menor faturamento da região – à frente apenas de lojas de móveis e decoração, que acumula queda de 10,6% no ano. “Tem havido mudança no comportamento da população, que deixa de comprar veículos zero-quilômetro e opta pela compra de seminovos ou pela manutenção do carro que possui. Isso movimenta mais o setor de autopeças”, afirma.

O vice-presidente do Sindicato dos Comerciários do ABC, Lourival Cristino, explica que a retração na indústria local gera efeito em cascata. “O comércio está na ponta da linha. Qualquer grande companhia que reduza postos de trabalho ou feche as portas impacta o desempenho de médias, que reflete nas pequenas e micro e, por fim, reduz o comércio. Aquele que está com o umbigo no balcão sofre as consequências.”

Em maio, também tiveram queda no movimento os setores de concessionárias de veículos (-2%), materiais de construção (-9,6%) e lojas de móveis e decoração (-10,2%). Cristino explica que esses ramos sofrem mais por comercializarem produtos mais caros, que não são prioridade em momentos de crise.

Apesar da situação delicada, ele acredita que a partir de novembro haja leve retomada no setor, e diz que tenta se manter otimista para contagiar os colegas. “A gente vê alguns desanimados e, outros, menos. Colocando na balança, vemos, despontando no horizonte, novo equilíbrio.” 




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