Julgamento envolverá quatro acusados; pai de vítima da região considera que há outros culpados
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu, ontem, que dois sócios da Boate Kiss e dois músicos da banda Gurizada Fandangueira, acusados por incêndio que, em janeiro de 2013, matou 242 pessoas no espaço, na cidade de Santa Maria, serão julgados por júri popular.
Para o consultor de informática Paulo Tadeu Nunes de Carvalho, 65 anos, a tragédia teve muitas outras pessoas envolvidas. Ele é pai do representante comercial Rafael Paulo Nunes de Carvalho, 32, que morreu asfixiado após inalar a fumaça provocada pela queima da espuma que funcionava como revestimento acústico do teto. O morador de Santo André indigna-se com o fato de alguns agentes públicos não serem responsabilizados pelo episódio.
“Quando a Polícia Civil indiciou 28 pessoas, entre elas o prefeito (Cezar Schirmer - PMDB), bombeiros vistoriantes, secretários, o Ministério Público retirou todos e disse que eles não tiveram participação direta”, diz Carvalho. “O julgamento dos quatro réus é um começo, mas não são só eles. Se a boate estivesse regularizada, a tragédia não teria ocorrido no nível em que aconteceu. Talvez o número de mortos fosse menor ou nem houvesse. Estamos indo em todas as instâncias, inclusive nos Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos)”, acrescenta.
Sete jurados vão decidir se os sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, e os músicos Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão são culpados ou inocentes das acusações apontadas pelo MPE-RS (Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul). Os quatro são acusados de homicídio duplamente qualificado consumado contra as 242 vítimas e tentado contra mais 636 pessoas que estavam na boate.
Na decisão, o juiz Ulysses Fonseca Louzada afirma que há indícios suficientes de que os acusados tenham agido conforme denunciado pelo MPE-RS. Ainda não há data para o julgamento.
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