Política Titulo Editorial
Roda quadrada
Do Diário do Grande ABC
25/07/2016 | 11:14
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Arte/DGABC


Um a cada três veículos do Grande ABC tem mais de 20 anos. Dos 1,7 milhão de automóveis, 601,2 mil, ou 33%, foram fabricados antes de 1996. O dado reativa debate sobre necessidade de plano de renovação da frota nacional. Em janeiro, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) entregou ao governo federal programa com sugestões. Mas, a exemplo de outras tentativas, o projeto não foi devidamente debatido e está esquecido.

São dois principais problemas de o País apresentar frota envelhecida: danos ao meio ambiente, pela maior emissão de poluentes no ar, e os congestionamentos, devido às constantes quebras de automóveis nas vias. O tema é polêmico, requer muito estudo antes de se tomar qualquer decisão, mas tem de ser discutido, o que não tem acontecido.

A proposta da Anfavea sugere modelo parecido com o dos Estados Unidos. O proprietário entregaria o veículo antigo (com mais de 15 anos) em uma concessionária ou revenda independente e, em troca, receberia carta de crédito para dar entrada em um carro zero-quilômetro. O cedido seria encaminhado à reciclagem. Não há detalhes importantes, porém. Quem pagaria por isso? O governo? Os fabricantes? Haveria benefícios fiscais? Tudo isso está indefinido e deve ser pauta de reuniões entre o Palácio do Planalto e as entidades representativas do setor. Não é prioridade do momento, no entanto.

Renovar a frota com veículos modernos, equipados com sistemas de segurança e menos poluentes seria um ganho. Ocorreriam, ainda, as retomadas da produção e do emprego na indústria automotiva. Mas existem outros pontos fundamentais a serem contemplados, como o setor de autopeças e as oficinas. Teria de haver, por exemplo, grande adaptação do mercado para a destinação correta dos automóveis descartados. 

Hoje, o poder público não consegue oferecer vias adequadas, minimamente sinalizadas, a fiscalização das leis de trânsito é falha, a inspeção veicular é ignorada e não há planejamento para solucionar os inúmeros gargalos da Mobilidade Urbana. Antes de qualquer plano de renovação da frota, tem de ser consertada essa roda quadrada.




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