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A sacada que leva
ao topo do Mundo
Thiago Silva
Do Diário do Grande ABC
11/09/2011 | 07:12
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Ela não conhece a sensação de andar, mas a deficiência nunca foi impedimento para ultrapassar obstáculos, até porque as primeiras vitórias da mesa-tenista Mylena Andrade Cordeiro, 13 anos, aconteceram logo nos momentos iniciais de vida. Atualmente, a para-atleta de Ribeirão Pires coleciona 13 medalhas, inclusive a de ouro nas Paraolimpíadas Escolares, que reuniram estudantes do Brasil inteiro no fim do mês passado, e é séria candidata para disputar os Jogos Para-olímpicos do Rio em 2016.

Mylena teve malformação congênita da coluna vertebral, chamada de Mielomeningocele. Ela precisou ser operada logo quando nasceu e aí venceu a primeira batalha da vida: continuar vivendo.

"Foi um choque na hora porque eu fiquei tentando engravidar por muito tempo e quando consegui fiquei esperando como toda mãe uma criança saudável", recordou Shirlei Maria de Andrade Cordeiro, 41, a mãe de Mylena e de outro filho de 19 anos. "Depois fiquei com muito medo de perdê-la porque a cirurgia foi de alto risco, mas graças a Deus deu tudo certo", agradeceu.

Os médicos, porém, deixaram claro que Mylena não poderia andar. Mas ficar sentada em cadeira de rodas nunca foi empecilho para a menina, muito menos à família. Os pais, Shirlei e Marcos Cordeiro, 42, sabiam que teriam uma filha mais que especial em casa e a preparam-na para superar todas as barreiras da deficiência física.

Além de matricular Mylena na Associação de Assistência à Criança Deficiente, eles inscreveram-na para jogar basquete aos quatro anos de idade. Tempos mais tarde, ela começou a natação, mas sem intenção de competir.

"Quando fazia natação, eu recebi o convite do professor Marcelo (Lemos Wojciuk, em 2009) para realizar teste no tênis de mesa. Foi a primeira vez que joguei e me identifiquei. Então, fiquei treinando com eles", ressaltou Mylena.

Apenas um ano após ser apresentada à raquete e bolinha, ela iniciou em competições e ganhou medalhas uma atrás de outra, em evolução constante. "Em 2010, eu perdi na final nas Paraolimpíadas Escolares para a atleta de Goiás. Mas, neste ano, eu a enfrentei novamente na final e venci, conquistando o título", ressaltou Miylena, com largo sorriso no rosto.

Ela conseguiu outros bons resultados em competições nacionais e estaduais, e foi convocada para a seletiva para representar o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara em outubro. "Foram escolhidas três atletas e eu fiquei em quarto", disse Mylena.

Sempre sorridente, ela não lamenta o resultado e prefere nem falar muito sobre os Jogos Paraolímpicos do Rio, em 2016. "Estou com o pensamento no Brasileirão, que vai ocorrer em outubro, em Fortaleza", destacou.

O técnico e professor Marcelo confia que a atleta pode representar o Brasil em 2016. "Ela tem potencial grande até pela pouca idade. A gente aposta que ela evolua e chegue à Seleção Brasileira", destacou o professor.

SEM MOLEZA

Para a viagem a Fortaleza, ela terá mais uma vez a companhia da mãe, que está em todos os torneios. Aliás, os pais sempre deram todo o suporte para Mylena. "A casa foi totalmente reformada para que ela possa se locomover. Não há um degrau aqui", destacou o pai, que treina com a filha.

Mas engana-se quem pensa que ela tem moleza em casa. "Meu pai exige que arrume minha cama, lave louça e estude para tirar boas notas", destacou Mylena, que estuda em escola estadual e sonha em se tornar advogada.




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