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Impeachment melhora expectativa e ajuda a explicar alta na confiança, diz FGV
27/06/2016 | 13:13
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O avanço do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff aparece como principal fator por trás da melhora no nível da confiança do consumidor nos últimos dois meses, na avaliação de Viviane Seda Bittencourt, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e coordenadora da Sondagem do Consumidor.

Mais cedo, a FGV informou que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 3,4 pontos em junho ante maio, registrando 71,3 pontos, maior nível desde junho de 2015, quando foi 73,2.

Segundo Viviane, a associação entre o impeachment e a melhora da confiança está baseada no fato de o movimento ter sido verificado tanto em maio, mês em que o Senado Federal decidiu pela admissibilidade do processo, quanto em junho, e de a alta ter sido puxada pelas expectativas.

Entre os componentes do ICC, o Índice de Expectativas (IE) avançou 6,0 pontos em junho, atingindo 77,1 pontos, o maior nível desde janeiro de 2015 (81,7). Já o Índice da Situação Atual (ISA) caiu 0,8 ponto, atingindo 64,7 pontos. Em maio, o IE já havia subido 5,3 pontos em relação a abril, ao passo que o ISA avançara apenas 0,8 ponto.

"Normalmente, as expectativas antecedem uma melhora na situação atual", afirmou Viviane, ponderando, por outro lado, que não é possível dizer quanto tempo levará para isso ocorrer no contexto atual. "O momento é atípico", comentou a pesquisadora.

Ainda assim, a melhoria recente nas expectativas passa longe de levar a uma maior propensão ao consumo das famílias, fundamental para impulsionar a recuperação da economia. "Estamos enxergando consumidores muito retraídos. Há menos pessimismo em relação a compras de bens duráveis, mas para isso se reverter em alta no consumo ainda falta", disse Viviane.

Segundo a pesquisadora, pesa sobre o consumo das famílias um ciclo de retração que envolve inflação, desemprego e endividamento. Com a piora do mercado de trabalho, as famílias ficam mais endividadas e param de consumir.

Para Viviane, a piora do mercado de trabalho é o fator de maior peso. O indicador de mercado de trabalho no presente, que não entra na composição do ICC, registrou 61,6 pontos em junho, não muito distante da mínima histórica de 57,8 pontos verificada em dezembro do ano passado.




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