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Ex-secretário de Marinho é preso pela PF na Lava Jato

Correia integrou gestão do PT de S.Bernardo até
2011 e é acusado de desvio em crédito consignado

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
24/06/2016 | 07:00
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André Iseki


Secretário de Administração e Modernização no primeiro mandato do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), Valter Correia da Silva foi preso ontem na Operação Custo Brasil, desdobramento da 18ª fase da Operação Lava Jato. A ação de ontem teve como protagonista o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações Paulo Bernardo (PT) e envolve desvio de recursos em crédito consignado oferecido a funcionários.

O MPF (Ministério Público Federal) apontou a existência de esquema fraudulento dentro do Ministério do Planejamento. O Grupo Consist Software, contratado para gerir a oferta de crédito consignado, cobrava taxas superiores às praticadas pelo mercado e repassava o excedente para dirigentes do PT e servidores na forma de propina. Nas contas dos promotores, R$ 100 milhões foram desviados entre 2010 e 2015.

Valter Correia foi detido preventivamente por ser suspeito de receber parte do dinheiro desviado. Ele foi chefe da assessoria especial para modernização da gestão do Ministério do Planejamento no governo de Dilma Rousseff (PT) até março de 2015, quando assumiu o comando da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão da Capital na administração de Fernando Haddad (PT). A prefeitura da Capital informou ontem que Correia pediu exoneração.

Em São Bernardo, Correia iniciou seu trabalho na gestão Marinho em 1º de janeiro de 2009. Ficou até janeiro de 2011, quando foi convidado a atuar no Ministério do Planejamento, a convite da ministra Miriam Belchior (PT). Com Marinho, conduziu inicialmente o diálogo para implantação de plano de cargos. Antes, Valter Correia trabalhou como assessor da Secretaria de Administração e Modernização Administrativa de Santo André no mandato de Celso Daniel (PT, morto em 2002).

“O secretário de Gestão de São Paulo tinha um cargo em uma das secretarias no ministério responsável pela renovação dos acordos de cooperação técnica. Ou seja, o senhor Valter era a pessoa responsável por manter o esquema em vigor”, afirmou o procurador Andrey Borges de Mendonça. “O dinheiro sempre saía da Consist era repassado aos parceiros, que eram esses operadores da lavagem de dinheiro, que eram empresas em muitos casos de fachada. Não havia prestação de serviço. Esse dinheiro chegava aos parceiros e era, então, distribuído para os destinatários finais. Na ponta da cadeia sempre estavam esses agentes políticos e públicos.”

Ontem, ao todo, a PF (Polícia Federal) cumpriu 11 mandados de prisão preventiva, 14 de condução coercitiva e 40 de busca e apreensão nas empresas e residências dos investigados.

Na lista de mandados de busca e apreensão estavam a sede do PT em São Paulo e o apartamento de Paulo Bernardo e de sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann, em Curitiba. A operação envolveu Carlos Gabas (ex-ministro da Previdência), João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT e já preso), Leonardo Attuch (administrador do blog Brasil 247, alinhado ao PT), Paulo Ferreira (ex-tesoureiro do PT) e outros cinco suspeitos de participar do suposto esquema. Os crimes relacionados são de tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Detido, Paulo Bernardo reclama de prisão ''''''''''''''''ilegal''''''''''''''''

A defesa do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT) negou ilegalidades e criticou a forma como o petista foi preso. Já o PT, cuja sede paulista foi alvo de busca e apreensão, disse que a ação de ontem foi “desnecessária e midiática”.

“O Ministério do Planejamento se limitou a fazer um acordo de cooperação técnica com associações de entidades bancárias, notadamente a ABBC e Sinapp, não havendo qualquer tipo de contrato público, tampouco dispêndios por parte do órgão público federal. Ainda assim, dentro do Ministério do Planejamento, a responsabilidade pelo acordo de cooperação técnica era da Secretaria de Recursos Humanos e, por não envolver gastos, a questão sequer passou pelo aval do ministro. (...) A defesa não teve acesso à decisão ainda, mas adianta que a prisão é ilegal, pois não preenche os requisitos autorizadores e assim que conhecermos os fundamentos do decreto prisional tomaremos as medidas cabíveis”, disseram os advogados de Bernardo.

Em comunicado, o PT paulista reclamou de que “em meio à sucessão de fatos e denúncias envolvendo políticos e empresários acusados de corrupção, monta-se uma operação diversionista na tentativa renovada de criminalizar o PT”. “A respeito das acusações assacadas contra filiados do partido, é preciso que lhes sejam assegurados o amplo direito de defesa e o princípio da presunção de inocência. O PT, que nada tem a esconder, sempre esteve e está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos”.

“Vieram coercitivamente buscá-lo em casa, na presença de nossos filhos menores. Um desrespeito humano sem tamanho, desnecessário. Fiquei olhando meu menino e pensei sobre a dor que sentia com aquela situação”, declarou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher de Paulo Bernardo. (com Agências) 




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