Setecidades Titulo São Bernardo
Ruínas de prédio na Via Anchieta chamam a atenção

Imóvel, que pertenceu a indústria de metais,
está abandonado desde o fim dos anos 1990

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
28/05/2016 | 07:00
Compartilhar notícia
Celso Luiz


 Na Rodovia Anchieta, próximo ao Km 13, em São Bernardo, outdoors encobriam, até pouco tempo, prédio completamente em ruínas. Com a retirada das publicidades, a metalúrgica Faé Indústria de Comércio e Metais, que funcionou por três décadas, ressurgiu aos olhos da comunidade.

No terreno abandonado, curiosamente é possível ver uma boneca destruída e um surrado urso de pelúcia. Embora se trate de cenário nada lúdico, a área hoje ociosa já serviu de espaço de brincadeiras para o músico Vasco Faé, 44 anos, neto do fundador da empresa, durante a infância. O morador de Santo André revela que seu pai trabalhou na unidade até o encerramento das atividades, no fim dos anos 1990.

“Eu nunca queria ir com meu pai, mas quando ia, não queria parar de brincar lá. Lembro das ferramentas. Achava muito bacana. Lembro também dos fornos de fundição, com temperatura altíssima, onde a sucata era jogada e derretia toda”, conta. Entre outras memórias, uma das mais felizes é de episódio em que o pai comprou uma bateria e deixou o filho tocar a tarde toda na empresa. “Quando eu estudava no bairro Paraíso (em Santo André), ia todos os dias para a fábrica para estudar.”

Faé também integrou o quadro de funcionários da empresa por cinco anos. “Passei por praticamente todas as sessões. A ideia do meu pai era que eu conhecesse bem a parte de produção. Hoje, percebo o quanto aprendi. Mas não tinha interesse em continuar”, comenta.

A falta de interesse de Faé é justificada pela paixão pela música. Em 1994, ele decidiu seguir seu sonho. “Não foi fácil, pois sentia muita culpa por abandonar meu pai, mas era necessário. A música me conquistou para sempre.”

Quando os outdoors que cobriam o esqueleto do prédio foram retirados, Faé revela que sentiu tristeza. “Doeu, pois aquele lugar era muito especial para mim. Tanto pelo que representou na minha vida, como pelo que representava para meu pai, que amava aquela fábrica mais do que tudo”. A família não quis comentar sobre os motivos que culminaram no fechamento da empresa.

A história daquela que um dia integrou o rol de indústrias do Grande ABC e que deixou de existir, será imortalizada em uma música, composta por Faé. “Faltam 15% para essa canção ser finalizada. Ainda não tem nome e pretendo gravá-la em breve”, promete.

 

Terreno passa por processo de descontaminação junto à Cetesb

A metalúrgica Faé Indústria de Comércio e Metais exerceu suas atividades em meio a problemas ambientais. No período de 1972 a 1975, a empresa foi multada diversas vezes pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), conforme noticiou o Diário à época.

O terreno consta em relatório de áreas contaminadas da Cetesb. Segundo o órgão, o local está hoje sob responsabilidade das empresas ACF Imóveis S/C Ltda. e Empes Empreendimentos e Participações Ltda, que estão à frente da recuperação do espaço.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;