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Indústria demite 72 mil pessoas no Grande ABC em cinco anos

Ritmo dos cortes se acelerou a partir de 2014 devido à recessão

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
25/05/2016 | 07:18
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Hoje é celebrado o Dia da Indústria. Apesar da data especial, não há nada a ser comemorado por empresários e trabalhadores do setor produtivo no Grande ABC. De 2011 para cá, o estoque de mão de obra no segmento foi reduzido em 21,4% nas sete cidades. Em números absolutos, foram 72 mil demissões em cinco anos. Ou seja, é como se uma Rio Grande da Serra e meia perdesse o emprego no período. Os dados são da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), do Seade/Dieese, que leva em conta tanto os postos de trabalho formais quanto os autônomos e informais.

O ritmo de cortes se intensificou de 2014 para 2015, quando os efeitos da crise econômica se acentuaram no País. Na ocasião, o nível de emprego caiu 13,1%. Na comparação de março com o mesmo período de 2015, a retração foi de 9,25%. Hoje, existem 265 mil trabalhadores nas indústrias da região, sendo 147 mil na metalmecânica e 40 mil na química.

Para efeito de comparação, enquanto de 2011 para cá o volume de operários na indústria caiu 21,4%, no mercado de trabalho do Grande ABC em geral a queda foi de 4%, para 1,148 milhão de pessoas.

A indústria é afetada por diversos fatores, entre eles a queda nos investimentos, provocada pela insegurança dos empresários diante do momento político do Brasil. Os juros elevados – a taxa básica (Selic) fixada em 14,25% ao ano – também desestimulam a produção, já que fica muito mais vantajoso aplicar o capital no mercado financeiro do que na atividade produtiva. Além de maior rentabilidade, essa opção é mais segura.

Levantamento apresentado pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista na semana passada mostra que indústria local opera com somente 57% de sua capacidade, o que é considerado extremamente baixo. “Se produz pouco, emprega pouco. Isso gera consequência em outros setores, como comércio e serviços, já que menos pessoas irão consumir nos estabelecimentos desses segmentos”, comenta Sandro Maskio, coordenador do departamento de estudos.

PETROQUÍMICA - Para tentar manter o alto nível da indústria petroquímica, foi criado há um ano o Cofip ABC (Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC), que tem como principal objetivo atuar em prol das demandas conjuntas das empresas que operam no complexo, localizado no Capuava, divisa entre Santo André e Mauá, e que emprega 10 mil funcionários diretos e 30 mil indiretos. “Buscamos fazer com que as organizações associadas trabalhem de forma unificada e sinérgica, para que a gente torne o polo viável e sustentável ao longo do tempo”, diz o presidente do Cofip, Antônio Emílio Meireles. 




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