Política Titulo No furacão
Empresa de S.Caetano vira alvo da Lava Jato

Confab é acusada de pagar US$ 9,4 mi em propina
a ex-diretor por contrato de R$ 3,9 bi com Petrobras

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
25/05/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Mais uma vez a força-tarefa da Operação Lava Jato envolveu o Grande ABC. Ontem, na 30ª fase, batizada de Vício, a PF (Polícia Federal) cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da Confab Industrial, localizada na Rua Manoel Coelho, no Centro de São Caetano. A empresa é investigada pelo MPF (Ministério Público Federal) por suspeita de pagamento de propina a Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, ao lobista Júlio Camargo e ao ex-ministro José Dirceu (PT).

O alvo da operação foram Benjamin Sodré Neto e Nicolau Marcelo Bernardo, diretores da Confab. A companhia prestou serviços de fornecimento de tubos à Petrobras, em contratos que somaram R$ 3,9 bilhões entre 2006 e 2012. Na apuração do MPF, a Confab teria pago US$ 9,4 milhões (R$ 33,6 milhões, na cotação de ontem) em propina para Renato Duque – indicado de Dirceu na Petrobras – por meio de empresas offshores. Sodré Neto e Bernardo foram conduzidos coercitivamente para prestar esclarecimentos sobre o episódio.

O nome de Sodré Neto surgiu na Lava Jato em outubro, quando João Antônio Bernardi, ex-funcionário da Odebrecht, fechou acordo de delação premiada. Ele narrou como eram realizados os pagamentos de propina e, no caso da Confab, relatou que a transferência do dinheiro era feita por meio da Hayley Sociedad Anonima, offshore do Uruguai que tinha conta bancária em Genebra, na Suíça – essa transferência por meio da Hayley não foi confirmada pela PF.

Outra prestadora de serviço da Petrobras fora alvo da 30ª fase da Lava Jato ontem: Apolo Tubos e Equipamentos. A empresa também fornecia tubos à estatal e é suspeita de pagar propina a Renato Duque. Investigadores da força-tarefa suspeitam que amplo esquema foi arquitetado para que o dinheiro de propina fosse repassado para José Dirceu, já condenado a 23 anos de prisão na Lava Jato. No total, segundo o MPF, Confab e Apolo Tubos possuíam acordos de R$ 5 bilhões e depositaram R$ 40 milhões a Duque para conquistar os convênios com a petroleira.

Ao todo foram expedidos pelo juiz federal Sérgio Moro nove mandados de condução coercitiva e de busca e apreensão em 16 endereços (envolvendo São Paulo, São Caetano, Sumaré e Rio de Janeiro).

Por nota, a Confab informou que não há evidências de participação de executivos no pagamento de propinas para obtenção de contratos com a Petrobras. Disse também que colabora com as investigações.

Anteriormente, a Lava Jato envolveu o ex-prefeito de Diadema José de Filippi Júnior (PT), ex-tesoureiro das campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva (em 2006) e de Dilma Rousseff (em 2010). Escritórios em Santo André e Ribeirão Pires também estiveram na mira da força-tarefa. 




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