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Preço do etanol cai depois de sete meses

Aumento de 72% na produção de cana ante 2015
elevou a oferta e reduziu o valor do combustível

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
23/05/2016 | 07:09
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Anderson Silva/DGABC


Após sete meses de aumentos consecutivos, o etanol veicular voltou a registrar desvalorização nos postos da região. Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço médio do litro do combustível derivado da cana-de-açúcar irá abrir a semana em R$ 2,25 – 16,54% a menos do que o valor de abril (R$ 2,62). No mesmo período, a gasolina também ficou mais barata, mas em proporção menor, de apenas 1,64% (de R$ 3,52 para R$ 3,46).

Diversos fatores explicam o motivo de o etanol ter caído mais do que a gasolina. O principal deles é a boa safra da cana-de-açúcar. Balanço da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) revela que, no acumulado do ano até o início de maio, a produção aumentou 71,83% na comparação com o mesmo período de 2015. Essa elevação se deve ao clima seco na região Centro-Sul – responsável por 90% da oferta do vegetal no País – o que otimiza a colheita e possibilita antecipar o início da safra.

O presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Grande ABC), Wagner de Souza, acrescenta que outro fator que provoca oscilação no preço do etanol é a sua volatilidade no mercado. “O álcool varia conforme a demanda e os estoques disponíveis. Além da safra boa, a venda de etanol nos últimos meses caiu 30% em razão da crise econômica. Isso faz com que haja desvalorização”, explica. Por outro lado, o empresário cita que o fato de as usinas e as distribuidoras terem mantido alto volume armazenado permitiu às empresas que evitassem uma queda ainda mais acentuada.

A gasolina, por outro lado, tem o preço atrelado aos reajustes definidos pela Petrobras com base, entre outras variáveis, na cotação internacional do petróleo. Cabe aos revendedores definirem os valores em cima disso. Por esse motivo, é menos volátil. O preço do álcool também impacta, já que a gasolina possui 25% de etanol anidro.

Apesar de o etanol ter registrado dois meses seguidos de desvalorização no Grande ABC, o valor cobrado na bomba teve aumento de 10,72% na comparação com maio do ano passado. No mesmo período, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador oficial da inflação no País, deve acumular 9,03%. A gasolina teve acréscimo de 10,92%. Em maio de 2015, o biocombustível registrou elevação de apenas 2,63% ante 2014, enquanto o derivado do petróleo variou 9,08%.

FRAUDES - Souza alerta que, em momentos de retração econômica, há um aquecimento do mercado irregular. “São postos que sonegam impostos ou que adulteram os combustíveis e cometem fraudes na bomba, para que o consumidor leve menos do que de fato pagou. Durante a crise, o cliente precisa cortar gastos. E é aí que entram os desonestos.”

O presidente do sindicato cita que, no caso do etanol, é comum que acrescentem mais água do que o permitido, que é de 6%. “Chegam a colocar 15%.” O combustível adulterado diminui a potência do veículo, aumenta o consumo e pode até provocar falhas no motor. Para denunciar, é preciso procurar a ANP.

O representante do setor na região participará de reunião com integrantes da agência reguladora nesta semana para discutir medidas para coibir a concorrência desleal. Ele avalia que, no caso do etanol, preço ideal é entre de R$ 2,19 e R$ 2,29.
 

Álcool veicular volta a ser mais vantajoso do que a gasolina

Considerando os preços médios informados pela ANP, o etanol veicular voltou a ser mais vantajoso do que a gasolina após sete meses. A observação vale para as seis cidades do Grande ABC que integram o levantamento da agência reguladora – a única que não está incluída é Rio Grande da Serra.

Com etanol, os motores rendem cerca de 70% do que com gasolina. Portanto, esse é o percentual que deve ser levado em conta na hora de avaliar qual tipo de combustível compensa mais. Ou seja, se o preço do derivado da cana de açúcar representar mais de 70% do valor cobrado pela gasolina, é mais vantajoso escolher o combustível oriundo do petróleo.

Para fazer a conta, deve-se dividir o preço do etanol pelo da gasolina. Se o resultado for superior a 0,7, o etanol não está compensando.

Para Wagner de Souza, presidente do Regran, o valor do álcool veicular deve permanecer estável por pelo menos mais dois meses. A partir daí, se houver aquecimento na economia – e, portanto, maior demanda –, a tendência é de que os preços reiniciem processo lento de subida. A partir de setembro, quando começa a entressafra, deve ocorrer valorização mais significativa.
 




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