Economia Titulo Produção
Indústria regional tem 43% de ociosidade
Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
20/05/2016 | 07:19
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Divulgação


A indústria do Grande ABC fechou o primeiro trimestre operando com somente 57% de sua capacidade instalada – ou seja, com 43% de ociosidade. Os dados são do boletim IndústriABC, divulgado ontem pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista e realizado em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

A situação das empresas do setor produtivo na região é pior do que a observada nos níveis nacional e estadual, ambos com utilização de 64% da capacidade – e 36% de ócio. Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, a ociosidade da indústria no Grande ABC caiu um ponto percentual – estava em 44%. Esse indicador também foi reduzido nos âmbitos do Brasil e de São Paulo.

Apesar dessa variação, o economista Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico, chama atenção para dois dados alarmantes: o primeiro é que, mesmo com a elevação na utilização da capacidade instalada, o percentual ainda é muito baixo. “Além disso, essa ligeira alta está ligada à queda da produtividade da indústria em dezembro, que é sazonal, já que, nessa época, diferentemente do que ocorre no comércio, as empresas têm menor demanda e ‘fecham para balanço’”, explica.

Entre os fatores que justificam a baixa atividade industrial está a queda na renda da população – provocada, principalmente, pelo desemprego. Como essa situação já ocorre há alguns meses, os estoques das empresas estão cheios, o que reduz ainda mais a necessidade de manter os parques fabris a pleno funcionamento.

Sem produção, naturalmente a tendência é de desemprego: balanço da Fiesp divulgado nesta semana mostra que, no período de 12 meses encerrado em abril, a indústria da região cortou 30,2 mil postos de trabalho. “Como esse é o segmento que tem os melhores salários, a eliminação de vagas no setor provoca consequências diretas para os ramos de comércio e serviços pessoais.” O boletim revela que, mesmo com tantos desligamentos, os empresários esperam que o nível de mão de obra continue sendo reduzido pelos próximos meses.

Diante de tanta notícia ruim, as perspectivas são igualmente negativas para o futuro. O boletim da Metodista mostra que o índice que mede a intenção de investimento para os próximos seis meses teve pequena melhora de fevereiro para abril, passando de 39,5 para 40,7 pontos. O panorama, entretanto, é negativo, já que, pela metodologia utilizada para a pesquisa, só há avaliação positiva quando o número é maior do que 50. Abaixo disso, o indicativo é de pessimismo.

“O setor deve permanecer em compasso de espera pelo menos pelos próximos meses, enquanto aguarda uma resolução para a situação política do País e um direcionamento da política econômica deste governo (do presidente interino Michel Temer)”, acrescenta Maskio. O economista, no entanto, avalia que a atividade produtiva somente terá um crescimento significativo quando houver política industrial nacional de longo prazo.

O índice de confiança do empresário industrial do Grande ABC na economia também teve pequena elevação desde o fim do ano passado, subindo de 26,8 para 29,2 pontos. Porém, conforme explicado anteriormente, o resultado ainda é extremamente baixo. No Brasil e no Estado de São Paulo, os índices são de 36,2 e de 33,1 pontos, respectivamente. Para Maskio, a região tende a ser mais pessimista pois, além de concentrar grande quantidade de indústrias, também é afetada pela retração econômica há mais tempo, desde, pelo menos, 2014, quando a Argentina – nosso principal parceiro comercial – começou a enfrentar crise cambial e a adotar políticas protecionistas.

PROBLEMAS - Entre os principais entraves apontados pelos empresários industriais da região estão a demanda interna insuficiente – citada por 80% dos entrevistados –, elevada carga tributária (55%), taxas de juros altas e falta de capital de giro (ambos mencionados por 25%) e inadimplência dos clientes (15%). 




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