Economia Titulo Comércio exterior
Exportações caem 8% no Grande ABC

Redução no volume de vendas ao Exterior
ocorre mesmo diante da desvalorização do real

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
09/05/2016 | 07:27
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Claudinei Plaza/DGABC


O valor arrecadado pelas empresas do Grande ABC com vendas ao Exterior teve queda de 8% no primeiro quadrimestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado, caindo de US$ 1,541 bilhão para US$ 1,417 bilhão, segundo levantamento feito pelo Diário com base em dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

A queda nas exportações, por si só, já é fator preocupante. Porém, a situação é ainda mais alarmante considerando a desvalorização do real perante o dólar. No dia 30 de abril de 2015, o dólar comercial era cotado a R$ 3,01. Um ano depois, a moeda norte-americana valia R$ 3,44. Ou seja, nesse intervalo, o real passou de US$ 0,33 para US$ 0,29 – 12,1% a menos. Em janeiro, o dólar superou a barreira dos R$ 4. Em tese, o real mais barato deveria favorecer as vendas ao Exterior, já que os compradores internacionais pagam menos pelo mesmo produto.

O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, avalia que a falta de competitividade é o principal entrave para que a indústria regional encare a concorrência de modo igualitário e se estabeleça em definitivo no mercado internacional. Esse cenário é provocado, opina, pelo menor nível de modernização das fábricas locais na comparação com as de outros países.

“O aumento da competitividade para o mercado externo é um processo demorado. Por esse motivo, a saída adotada pelo governo para tentar impulsionar as exportações é com a desvalorização do real. Porém, o aumento excessivo e repentino do dólar geraria pressão inflacionária, que precisaria ser controlada pela Selic (taxa básica de juros)”, comenta Balistiero.

Já as importações tiveram queda de 35,48% nos quatro primeiros meses de 2016 ante o mesmo período do ano passado. O valor movimentado em compras feitas no Exterior passou de US$ 1,586 bilhão para US$ 1,023 bilhão. O economista Leonel Tinoco Netto, professor da Fundação Santo André e delegado do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo) para o Grande ABC, comenta que a queda se deve ao encolhimento do PIB (Produto Interno Bruto) do País, o que vem ocorrendo desde 2014. “A indústria brasileira depende muito de importações, seja de insumos, matérias-primas ou máquinas. Com a desaceleração da atividade econômica, cai a demanda pela produção e, consequentemente, por produtos vindos do Exterior”, explica.

A balança comercial, que é a diferença entre exportações e importações, fechou o quadrimestre no azul, com saldo de US$ 394,4 milhões. No mesmo período de 2015, o resultado foi negativo: - R$ 44,8 milhões. Balistiero pondera que o superavit não deve ser interpretado como notícia positiva. “O cenário ideal seria se esse resultado fosse obtido com um aumento nas exportações superior ao de importações.”

Em todo o País, a balança comercial fechou abril com superavit de US$ 13,249 bilhões. Foi o primeiro saldo positivo para o quadrimestre desde 2012 e o melhor resultado desde o início da série histórica, em 1989. As exportações no período recuaram 3,4%, um pouco menos que na região e, as importações, apresentaram comportamento semelhante ao registrado no Grande ABC, com retração de 32,2% ante 2015.


Argentina diminui participação nos negócios

As exportações feitas pelo Grande ABC à Argentina tiveram queda de 10,38% no primeiro quadrimestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado. O valor movimentado caiu de US$ 722,4 milhões para US$ 647,4 milhões. Mesmo assim, os argentinos continuam sendo os principais parceiros comerciais da região. Sua participação nas vendas ao Exterior representa 45,7% do total.

“A Argentina está passando por um processo de recuperação que é gradual”, comenta o economista Ricardo Balistiero. Ele avalia que, se o presidente Mauricio Macri mantiver a postura liberal, a tendência é a de que as exportações para os hermanos aumentem. “Só o fato de a Argentina não ter mais aquele discurso protecionista e beligerante da era Kirchner já é muito positivo.”

As vendas para o México, segundo principal parceiro econômico do Grande ABC, subiram de US$ 119,6 milhões para US$ 127 milhões – alta de 6,21%. “A relação com o México é basicamente de automóveis, tanto para compra quanto para venda”, acrescenta o professor da Mauá.

Os Estados Unidos aumentaram em 0,27 ponto percentual sua participação nas exportações feitas pelo Grande ABC. Foi vendido para lá o equivalente a US$ 119,6 milhões.
 




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