Começou a vigorar ontem o aumento de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para a compra de moeda estrangeira em espécie no Brasil. Alíquota do tributo, que era de 0,38%, subiu para 1,1% – alta de 0,72 ponto percentual. A medida, que foi publicada na segunda-feira no Diário Oficial da União, tem como objetivo elevar em R$ 2,377 bilhões a arrecadação anual do governo, conforme estimativa do Ministério da Fazenda.

Oficialmente, trata-se de mais uma ação do plano do governo de ajuste fiscal. Nos bastidores, fala-se em compensação do reajuste de 9% do Bolsa Família, anunciado por Dilma Rousseff (PT) durante as festividades do 1º de Maio.

Mesmo com o aumento do imposto, ainda é mais vantajoso comprar cédulas do que créditos em cartões internacionais pré-pagos, já que, para esse tipo de operação, a alíquota – que não foi alterada – é de 6,38%.

O Diário consultou o preço do dólar em casas de câmbio da região e constatou que, no cartão pré-pago, o valor da compra fica até 4,24% mais caro do que na aquisição do dinheiro em espécie. Por exemplo: na First Câmbio, a cédula era vendida no fim da tarde de ontem a R$ 3,77, enquanto no cartão cada unidade de dólar saía por R$ 3,93. Para ambas as cotações, o IOF já estava incluído.

Simulando a aquisição de US$ 1.000, o valor total seria de R$ 3.770 caso a moeda norte-americana fosse comprada somente em espécie. Se o cliente escolhesse pegar o mesmo montante em dólar, mas para carregar o cartão pré-pago, teria de desembolsar R$ 3.930. A diferença seria de R$ 159,98, suficientes para obter US$ 42,43 a mais em cédulas.

E quem já pretendia manter a compra em espécie, a diferença não é tão grande com a elevação do tributo. Caso a alíquota de 0,38% ainda fosse aplicada, essa compra de US$ 1.000 sairia por R$ 3.740, ou R$ 26,85 a menos.

Para o euro, que também foi afetado pelo aumento da alíquota do IOF, a aquisição de créditos no cartão fica 5,22% mais cara do que a das cédulas. Se o cliente precisar de 1.000 euros, pagará R$ 4.320 ao comprar a moeda em espécie e R$ 4.545 se preferir a ferramenta eletrônica – a diferença, neste caso, é de R$ 225,61, montante que poderia ser utilizado para obter mais 52,22 euros, desde que na versão em papel.

Caso o imposto ainda fosse 0,38%, a diferença também não seria tão grande, já que os 1.000 euros sairiam por R$ 4.289, ou R$ 30,76 a menos.

Na Cotação Câmbio, o dólar dos Estados Unidos em espécie era vendido a R$ 3,81. Com a aplicação do IOF de 1,1%, chegava a R$ 3,85. Para a recarga do cartão pré-pago, a tarifa bruta era mais baixa, de R$ 3,77. Entretanto, como para a tarjeta magnética a alíquota é superior, o valor final fica mais caro: R$ 4,01.

POR PARTES - Seja qual for a opção utilizada para levar dinheiro ao Exterior, a orientação dos especialistas é que as compras sejam feitas em etapas. Com isso, o consumidor se protege contra a volatilidade da moeda. Ontem, o dólar turismo fechou a R$ 3,71. Ao adicionar a alíquota de 1,1% de IOF, chega-se à tarifa de R$ 3,75. Na sexta-feira, no entanto, a cotação ao fim do dia era de R$ 3,58. Considerando a aplicação de 0,38% sobre esse valor, o preço final cobrado do cliente era de R$ 3,59.

Portanto, se a troca dos reais por dólares fosse feita em duas etapas – na sexta e ontem – o valor médio da moeda norte-americana em espécie (com o imposto vigente para cada data incluso) seria de R$ 3,67. Supondo compra de US$ 1.000, o desembolso seria de R$ 3.670 – R$ 80 a menos do que se a compra fosse efetuada em sua totalidade no fim da tarde de ontem. O objetivo, portanto, é atenuar os efeitos da variação brusca da divisa.