Brasília está paralisada. Basta olhar o noticiário produzido na Capital federal para notar que não existe outro assunto na pauta dos senhores congressistas ou dos representantes do Executivo além do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), que neste momento está sendo discutido no Senado. Enquanto isso, no Brasil real a população arca com o custo da inércia daqueles que foram escolhidos nas urnas, democraticamente, para lhe representar. Como sempre, confirma-se o ditado popular de que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

Reflexo do imobilismo que caracteriza a segunda gestão de Dilma, o desemprego explode nas sete cidades, atingindo em cheio as esperanças da sociedade. A taxa de desocupação no Grande ABC chegou a 16,7% em março, o maior percentual para o mês desde 2005, de acordo com dados da pesquisa feita em parceria entre a Fundação Seade e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Alheios ao difícil momento enfrentado pelos trabalhadores, os políticos só se preocupam em garantir poderes. Sem nenhum compromisso com a dor dos brasileiros mais humildes, buscam apenas estreitar relações com quem pode lhes assegurar a permanência no andar de cima. Tanto que não se envergonham de endossar apoio ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) – que, sim, deve ser o sucessor de Dilma, mas ainda não é!

Para piorar a situação, centrais sindicais e movimentos organizados, que são financiados com o dinheiro dos trabalhadores, também estão engajados na luta a favor do ou contra o impedimento de Dilma Rousseff e se esquecem de sua função precípua, que deveria ser a da defesa intransigente dos postos de serviços. Além do assalariado que recebe a triste notícia da demissão, ninguém demonstra nenhum tipo de preocupação com a situação terrível do Brasil. A única batalha que vale a pena para o Legislativo e o Executivo federal, para governistas e oposicionistas, é a da conquista ou manutenção do poder. Nem que isso signifique fechar os olhos para a realidade do País.