Economia Titulo Mercado financeiro
Em meio à crise na política, dólar cai para menor nível em 7 meses

Moeda chega ao menos valor em quase sete
meses; em Setembro de 2015 valor era de R$ 4,13

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
19/03/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC:


Enquanto o País vive uma das maiores crises políticas das últimas décadas, o dólar comercial despencou em março. No dia 1º, a moeda norte-americana era vendida a R$ 3,94. De lá para cá, a queda foi de 9,39%, fechando o pregão de ontem a R$ 3,57, menor valor em quase sete meses. Em setembro de 2015, a divisa chegou a custar R$ 4,13.

O dólar turismo também acompanhou a tendência de baixa, passando de R$ 4,11 para R$ 3,76 – decréscimo de 8,51% no período. Também em setembro, a cotação nessa modalidade atingiu R$ 4,31.

Na região, o Diário fez cotação em cinco agências no fim da tarde de ontem. O valor da cédula era fixado em R$ 3,75 a R$ 3,82, já com o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incluso. Para o cartão de débito pré-pago, a cotação variava de R$ 3,95 a R$ 4,03, também com a tributação embutida sobre a tarifa final.

O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, explica que a desvalorização da moeda norte-americana está atrelada a diversos fatores, sendo que o principal deles é a expectativa por parte dos investidores de que o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) está próximo do fim. “Como o mercado de dólar normalmente é muito especulativo, existe uma euforia em momento como este, o que provoca movimento de entrada mais forte de recursos internacionais.”

Isso ocorre porque o investidor estrangeiro demonstra pouca confiança na política monetária do governo petista. Portanto, a qualquer sinal que indique a aproximação do impeachment ou de eventual renúncia de Dilma, o mercado reage positivamente. Balistiero explica que a compra de ações na Bolsa de Valores é mais arriscada do que a aquisição de dólares, já que a volatilidade é maior. Em situações em que os operadores financeiros sentem mais segurança no cenário econômico, há uma migração dos investimentos do dólar para as ações, o que provoca queda na cotação da moeda e alta na bolsa. Desde o dia 29 de fevereiro, o Ibovespa subiu 18,75%, passando de 42.793,86 para 50.814,66 pontos.

Balistiero salienta que a China também teve papel importante para derrubar o preço do dólar mundialmente. “O governo chinês se comprometeu com o crescimento de 6,5% do país nos próximos anos. Esperava-se desaceleração mais intensa. Por isso, o mercado ficou mais eufórico.”

Um terceiro fator, acrescenta o economista, é a elevação no preço das commodities, que são mercadorias cujos preços são negociados internacionalmente. “Quando a commodity sobe, o dólar cai, já que a receita (do exportador) passa a vir do preço da venda, e não do câmbio”, detalha Balistiero. Quando ocorre o contrário, a tendência é de valorização da divisa norte-americana. 




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