O ‘até que a morte nos separe’, prometido durante o matrimônio, se cumpriu. Ou o relacionamento amoroso não deu certo e a história acabou sem final feliz. Seja qual for a situação, o momento seguinte costuma ser de solidão e, consequentemente, de tristeza. Com o objetivo de tirar toda essa angústia do caminho e da vida de quem sofreu com uma dessas perdas, a Pastoral Familiar da Igreja Santíssima Virgem, em São Bernardo, promove, há quatro anos, o Encontrão de Viúvos, Viúvas e Pessoas Sós.

A quarta edição, no próprio templo católico, ocorreu no dia 27, com apresentação de banda que entoou músicas de louvores e animou os presentes, palestra motivacional, além de caprichado café da tarde, momento para confraternizar. Na ocasião, foi aberta a temporada de eventos que ocorrerão ao longo do ano, com calendário de programação que vai de viagens a festas.

A intenção da iniciativa não é formar casais; até porque, se fosse, não teria muito êxito, já que a participação de mulheres é massiva, enquanto que a da ala masculina é quase nula: no evento do dia 27, eram 55 participantes, sendo apenas dois homens. “Muitas pessoas se distanciam da igreja depois que ficam viúvas, ou até mesmo as que são sozinhas se isolam por falta de companhia. O propósito do Encontrão é que essas pessoas se encontrem com Deus e recuperem a confiança por meio da alegria, da motivação, para que não fiquem na tristeza, além de fazer com que, juntos, se sintam como em uma família”, falou a coordenadora do setor casos especiais da Pastoral Familiar da Igreja Santíssima Virgem, Liliam Crepaldi.

A ideia de focar nesse público veio por meio de diretiva da Diocese de Santo André, que envolve as sete cidades da região. “O setor casos especiais da pastoral foca em diversos públicos, como casais de segunda união, gestantes carentes, surdos e mudos. Três anos atrás, veio diretiva da Diocese para que nos voltássemos aos viúvos e pessoas sós, exatamente porque acabam se isolando”, recordou Liliam.

A aposentada Jane Thalton de Paula Laureano, 69 anos, mora em São Bernardo e é viúva há 14. A tristeza pela partida do marido, com quem dividiu a vida por 38 anos, hoje é saudade gostosa, não doída. “Éramos alegres e, com certeza, ele não iria gostar de me ver triste dentro de casa”, disse. “Aqui fiz novas amizades, passeios e aprendi muitas coisas boas, principalmente a questão da religião”, acrescentou.

O representante comercial Ângelo Gomes Clementino, 66, de Diadema, é um dos poucos homens a participar do Encontrão, separou-se da companheira. Na opinião dele, a ala masculina, em sua maioria, tem outros interesses. “Homem é mais ligado a baile, bar, acha que é besteira ir para a igreja”, comentou ele, que também é garoto-propaganda, com vários comerciais no currículo. “Aqui, além de espairecermos, encontramos paz espiritual para vivermos felizes.”