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Micro e pequenas empresas perdem R$ 15,3 mi por dia

Em 2015, elas deixaram de vender R$ 5,6 bi
na região, quantia superior ao PIB de Cabo Verde

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
12/02/2016 | 07:22
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Divulgação


 Em 2015, as MPEs (Micro e Pequenas Empresas) do Grande ABC deixaram de vender R$ 15,3 milhões por dia. No ano passado, o faturamento dessas firmas atingiu R$ 28,9 bilhões, ante R$ 34,5 bilhões em 2014. Ou seja, elas deixaram de ganhar R$ 5,6 bilhões. O montante é maior do que o PIB (Produto Interno Bruto) registrado em 2014 por países africanos como Libéria (R$ 5,3 bilhões) e Cabo Verde (R$ 4,9 bilhões) – o cálculo para a conversão utilizou o dólar do período, de R$ 2,65. Equivale também a 76,7% das riquezas geradas em Roraima em 2010, de R$ 7,3 bilhões.

O desempenho das micro e pequenas empresas em 2015 apresentou retração real – descontando a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) – de 16,2% na comparação com o ano anterior, segundo dados divulgados ontem pelo Sebrae-SP. Foi a maior queda na região desde 1999, início da série histórica do levantamento.

No Estado, o percentual de queda foi pouco menor: 14,3%, passando de R$ 697,2 bilhões para R$ 597,2 bilhões. Foi o pior resultado desde 2002. Na Capital, a retração foi de 18,7%, enquanto a Grande São Paulo apresentou encolhimento de 15,7%. No Interior, o recuo foi de 12,9%.

A consultora do Sebrae-SP Letícia Aguiar explica que o fato de o Grande ABC ter registrado desempenho proporcionalmente inferior ao do Estado está ligado à característica da economia da região, que tem forte dependência da indústria – setor que é um dos mais atingidos pela crise. “A queda na atividade industrial, especialmente do segmento automotivo, gera efeito em cadeia que afeta as áreas de comércio e serviços em razão da diminuição do consumo provocada pelo desemprego e pela inflação.”

Ao longo do ano passado, 43.614 trabalhadores com carteira assinada foram demitidos nas sete cidades. Em 2014, quando foram contabilizados 14.369 cortes, os ganhos das MPEs foram 4,6% inferiores aos de 2013.

O setor de serviços foi o que mais teve vendas reduzidas em 2015: -16,9%. Segundo Letícia, o desempenho é puxado pelas atividades voltadas à produção fabril, principalmente transporte e armazenagem de mercadorias. O comércio retraiu 13,2% e, a indústria, 10,9%.

Considerados apenas resultados de dezembro, as MPEs da região faturaram R$ 2,4 bilhões. Na comparação com o último mês de 2014, houve redução de 5,7% nos ganhos. Na totalidade do Estado, as estatísticas são ainda piores: -24,4%. Entretanto, a consultora destaca que isso não significa boa notícia. “No Grande ABC, os números já vinham caindo ao longo dos demais meses do ano, o que não acontecia no Estado de maneira geral. Como a região já vinha de uma base de comparação mais fraca, o percentual de dezembro é menor.”

Para 2016, a entidade ainda demonstra pessimismo. “Dependemos da recuperação do poder de compra da população e da retomada na confiança por parte dos empresários, para que façam investimentos, e dos consumidores, para que voltem a gastar.”


Renda de empregados cai 4,6% no Grande ABC

O rendimento médio real dos empregados em MPEs (Micro e Pequenas Empresas) do Grande ABC teve queda de 4,6% em 2015 na comparação com 2014, informa o Sebrae-SP.

Apesar da retração no faturamento, as empresas de micro e pequeno porte da região elevaram em 2,8% o número de pessoas ocupadas no ano passado. No Estado, a alta foi de 1,3%. Em dezembro, o nível de ocupação subiu 10,2% nas sete cidades ante o último mês de 2014. A pesquisa informa apenas os percentuais de variação, e não os números absolutos.

A consultora do Sebrae-SP Letícia Aguiar explica que o aumento no total de ocupados não significa, necessariamente, que houve elevação no número de funcionários contratados. “Esse dado não reflete somente o pessoal empregado. Engloba também os sócios-proprietários, familiares e terceirizados. Inclusive, em momentos de crise, é comum haver admissão de pessoas com salários menores ou de parentes.”

A pesquisa do Sebrae-SP mostra ainda que o faturamento dos MEIs (Microempreendedores Individuais) teve queda de 21,8% no Estado, em dezembro, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em números absolutos, a redução foi de R$ 763,9 milhões, caindo para R$ 2,7 bilhões no mês.

Esse indicador começou a ser feito em agosto – portanto, ainda não há balanço fechado do ano – e o Grande ABC não comporta amostragem para ser incluído no levantamento nesse item.




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