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Especialistas questionam novo laudo

Defesa Civil aponta que prédio deve ser demolido; audiência pública será no dia 18

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
11/02/2016 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC


A Defesa Civil de Ribeirão Pires apresentou laudo atestando que a Fábrica de Sal, no Centro Alto, está com a estrutura corrompida. O documento, que já teria sido encaminhado à Câmara, afirma que, devido ao cloreto de sódio, o edifício deve ser demolido. A gestão Saulo Benevides (PMDB) planeja ceder o terreno para construção de shopping.

O documento do órgão, ligado à Prefeitura, é contestado por outros já realizados no local. O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), da USP (Universidade de São Paulo), realizou estudo para a restauração do patrimônio histórico em 2013. Na ocasião, foi atestado que a estrutura do prédio não estava comprometida, porém, necessitava de reparos para evitar o agravamento da corrosão ocasionada pelo sal. Entre os demais problemas apontados estão o desgaste das estruturas metálicas, mas em nenhum momento é citada a demolição como solução.

Em 2005, o prédio chegou a abrigar centro cultural após passar por intenso processo de restauração. O professor da USP Rafael Perrone foi o arquiteto responsável pelo projeto. Ele afirmou que, na época, não existia nenhum impedimento em relação à reforma no local.

“O prédio era muito maior. Retiramos uma parte dele, onde havia corrosão. Foi feito laudo técnico e o que foi mantido foi dado acabamento adequado”, disse.

O projeto de recuperação da Fábrica de Sal de Perrone foi publicado em vários congressos científicos, inclusive em Portugal, e também rendeu ao especialista prêmio do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) de São Paulo.

Ao ser informado do possível futuro do local, ele lamentou. “A ideia era preservar a construção histórica. Foi um esforço muito grande para presentear a cidade com aquele patrimônio. Mesmo que agora apontem que há corrosão, não é motivo para demolir a fábrica, porque se trata de um prédio histórico”, afirmou.

O presidente do Conselho de Patrimônio da cidade, Maurício Tintori, também afirmou que o laudo que está incluso no processo de tombamento no Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) não fala que o prédio está comprometido. Como o estudo foi aberto no órgão estadual, a demolição do prédio está proibida.

“Este novo laudo foi feito de forma muito rápida. Cabe debate para confrontar os dados anteriores. Temos que considerar todos os outros estudos que apontam o contrário”, garantiu Tintori.

A equipe do Diário pediu mais informações sobre o laudo à Prefeitura, porém, não houve retorno. Audiência pública para discutir o projeto que cede o terreno da fábrica para construção de shopping está marcada para o dia 18, na Câmara. 




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