Política Titulo Campanhas salariais
Sindicatos apostam na eleição para obter aumento a servidor

Funcionalismo da região vê pleito de outubro como fator que pode contribuir nas campanhas salariais deste ano

Júnior Carvalho
Leandro Baldini
Do Diário do Grande
09/02/2016 | 07:00
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Montagem/DGABC


Se o ano passado foi marcado por recessão na economia e tensão nas negociações entre o funcionalismo e algumas prefeituras do Grande ABC, neste ano os sindicatos da região veem a eleição de outubro como fator positivo nas campanhas salariais de 2016. Para as entidades que representam os servidores das sete cidades, o pleito municipal – seis dos sete prefeitos buscarão a reeleição – pode forçar os gestores a atenderem às reivindicações de funcionários.

Em Santo André, os servidores pedirão, em abril, cerca de 15% de aumento, sendo parte a reposição da inflação (11%), mais 4% restantes da campanha de 2015, quando o prefeito Carlos Grana (PT) acordou em pagar o reajuste em duas parcelas. “A gente tem feito reuniões com o governo e temos a garantia de que o reajuste neste ano será aplicado em uma só parcela”, afirmou o presidente do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos) de Santo André, Carlos Pavan.

Único prefeito da região que não buscará a reeleição, o chefe do Executivo de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), também deixou para quitar as melhorias salariais no seu último ano de mandato. Após enfrentar a maior greve da história da cidade (durou 22 dias), o petista se comprometeu a pagar, neste ano, reajuste de 7,68% referentes à inflação acumulada em 2015 mais a reposição da moeda neste ano, totalizando quase 20% de aumento ao funcionalismo. “Apesar de discordar do tratamento do governo com os servidores, acredito que o acordo será cumprido. (A negociação feita no ano passado) É lei, tem de respeitar”, analisou o presidente do Sindserv de São Bernardo, Giovani Chagas.

Além de se preocupar com a campanha salarial deste ano, a entidade passa por queda de braço pelo comando do sindicato. Chapa de oposição a Chagas venceu por margem apertada a eleição interna da presidência, mas a Justiça anulou o processo posteriomente e determinou nova disputa. Essa última foi vencida por Chagas, mas diante de polêmicas, como o sumiço de urna. O imbróglio ainda é analisado pelo Judiciário.

O presidente do Sindema (Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema), José Aparecido da Silva, o Neno, destacou que a categoria vai cobrar do prefeito Lauro Michels (PV) reajuste de cerca de 15%. Nesse índice, a categoria incluiu parcela que deixou de ser paga pelo verde alegando inchaço dos gastos com a folha de pagamento – o Sindema contesta – , mais a reposição da inflação. “Nós vamos nos mobilizar a partir do dia 26. O prefeito vai fazer a escolha. Ou atende a nossa reivindicação ou investe na eleição.”

Em Mauá, o sindicato espera conquistar melhoria de 21% nos contracheques, sendo parte reposição da inflação mais 10% de aumento real. “Acredito que não teremos dificuldades na negociação”, avaliou o dirigente do Sindserv mauaense, Jesomar Alves Lobo.

O Diário não conseguiu localizar os sindicatos de São Caetano, Ribeirão e Rio Grande da Serra.

Marinho busca corte de gastos para honrar promessa

Em meio à crise financeira no País que resultou em queda acentuada em suas receitas, o governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), passou a priorizar discussões para cumprir acordo de reajuste salarial com o funcionalismo público.

O acréscimo aos servidores de São Bernardo neste ano será aplicado no mês que vem e irá beirar o patamar de 20%. O índice, o maior da região, obedece acordo assinado pelo prefeito Luiz Marinho (PT), no ano passado, com o Sindserv (Sindicato dos Funcionários Públicos) para encerrar a maior greve da categoria na história – 22 dias. À época, Marinho propôs inserir reposição inflacionária de 2015 e de 2016. Para encerrar paralisação em junho, o chefe do Executivo negociou abono em duas vezes – R$ 1.550, em junho, e outros R$ 310 pagos em dezembro.

Oficialmente, o chefe do Executivo de São Bernardo não estabeleceu um padrão de regras para cortes de despesa. Contudo, vem cobrando sistematicamente o secretariado na articulação com os fornecedores, revisão de contratos e recuo em investimentos.

No dia 1º, durante reunião de prefeitos no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, o petista salientou que o índice será aplicado. “Acordo é acordo e tem de ser cumprido, indiferentemente de índice ser alto ou das dificuldades econômicas. Eu não descumpro acordo e o reajuste será aplicado em março como foi aprovado em assembleia”, frisou.

A expectativa do presidente do Sindserv, Giovani Chagas, é fechar os números até o fim deste mês, detalhando que prevê índice entre 18% a 20%. “O número ficará dentro deste patamar, mas vamos esperar terminar fevereiro para confirmar”, discorreu Chagas.

De acordo com os dados do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), utilizado como base pelo Sindserv, inflação de março de 2014 a fevereiro de 2015 foi fechada em 7,68%; já a correção de março de 2015 a fevereiro de 2016 deve fechar em torno de 10,4%.

À caça de corte de despesas para honrar promessa com o funcionalismo, o governo Marinho contabiliza rombo de R$ 1,2 bilhão nos cofres públicos.

O balanço contábil, publicado pela gestão petista no Diário Oficial, mostrava deficit no comparativo de receita (R$ 3,6 bilhões) e despesa (R$ 4,8 bilhões). Em toda a região, São Bernardo foi a que mais deixou de arrecadar com impostos. Em 2013, a fatia do município de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) foi de R$ 866,3 milhões, ante R$ 786,2 milhões acumulados em dezembro – R$ 80 milhões a menos.]

“Nunca deixei de cumprir acordos que combinei”, acrescentou Marinho.  




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