A crise não impediu as pessoas de saírem em busca de descontos de até 80% na Black Friday nas lojas, mercados, shoppings e fábricas de automóveis. A expectativa do comércio era positiva e a procura se confirmou, embora não tenham faltado reclamações dos consumidores. Segundo o site Busca de Descontos, organizador do evento no Brasil, em parceria com a ClearSafe, a previsão era que o evento movimentaria ontem R$ 21 milhões em compras só no Grande ABC (não inclui Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), 12% mais em relação a 2014.

Durante a madrugada, filas de carros se formavam em hipermercados para aproveitar os descontos e muita gente também chegou cedo às portas de redes de eletrodomésticos para pegar as melhores ofertas. A data foi oportunidade para a agente de relacionamentos Viviane Rossio, 38 anos, de São Caetano, que adquiriu ontem um celular. “Achei o preço ótimo. Estava procurando antes da promoção e não conseguia comprar. Cheguei a economizar R$ 200”, afirma.

Em menos de duas horas, em um grande rede varejista, 500 ferros de passar roupa que saiam por R$ 9,90 foram esgotados. A procura intensa, no entanto, frustrou quem não madrugou. A dona de casa Beatriz Siste, 58, de São Caetano, voltou para casa de mãos vazias. “Na televisão parece tão simples e acessível”, contesta. “Como os ferros da promoção esgotaram, eles nos oferecem os mais caros.”

Alguns produtos não tinham preços nas gôndolas, o que dificultava o entendimento do consumidor, como o programador Paulo Cardoso, 35. “Vim em busca de um notebook, mas fica difícil. Como saberei as ofertas?”, relata Cardoso, “Pelo que observei, os preços não mudaram”, salienta.

Os micro-ondas eram um dos eletrodomésticos mais cobiçados pelos clientes, como a aposentada Cleusa Cesária, que tinha interesse nesses itens. “Trouxe R$ 300, mas só conseguiria se trouxesse o dobro do dinheiro. Me decepcionei”, diz. As televisões também foram bastante procuradas pelos consumidores, mas nesse caso também não faltaram críticas. “Parece que está o dobro do preço. Os descontos de 70% e 80% parecem que foram feitos só para chamar atenção”, comenta o motorista Antônio Vicentini, 55.

PROCON - Segundo o Procon-SP, desde às 19h de quarta-feira, quando começou o plantão de atendimento especial para a Black Friday, até às 18h de ontem, foram registrados 973 reclamações, a maior parte referente a maquiagem de desconto (27% dos casos), seguida por produto ofertado mesmo quando indisponível (26%) e mudança de preço do item (12%). O órgão de defesa do consumidor não tinha dados disponíveis das queixas por região do Estado.