Vegetação foi removida para construção de quadra que ficará ao lado da Emeb Aluísio de Azevedo, cuja obra está paralisada há três anos
Moradores, pais e alunos estão indignados com a derrubada de árvores que ficavam ao lado da Emeb Aluísio de Azevedo, no Jardim Calux, em São Bernardo. Eles alegam que o local é um dos poucos pontos verdes do bairro e contava com árvores de mais de 50 anos de existência. Mesmo com abaixo-assinado com mais de 200 assinaturas e votação contra a ação da Prefeitura, quadra de esportes será construída no local.
A equipe do Diário esteve na área para acompanhar a manifestação da comunidade na manhã de ontem. Todos lamentavam a derrubada dos vegetais. O espaço está abandonado, com mato alto e cheio de entulho. Os alunos da Emeb gritavam “não derrubem” para os funcionários contratados pela Prefeitura. Depois que as atividades foram encerradas, abraçaram uma árvore e mostraram disposição para proteger a vegetação restante. “É um absurdo. Nós, professores, incentivamos as crianças a preservarem a natureza e eles querem acabar com as árvores. Que exemplo é esse?”, relata uma funcionária que não quis se identificar.
A empresária Amanda Madureira de Souza, 37 anos, tem sua filha matriculada na Emeb e mostra insatisfação com o espaço de lazer que a escola oferece para as crianças. “Querem tirar a única área verde do bairro, que serve para o divertimento dos pequenos”, lamenta. “O playground é descoberto. Quando chove, as crianças ficam trancadas na escola.”
“Será mais um ponto de drogas do bairro. Ficará abandonada igual às quadras das redondezas”, opina a enfermeira Valdelícia Donizete Correa, 50. Com a neta matriculada na Emeb, ela tentou diversas maneiras para impedir a derrubada da vegetação. “Conseguimos cerca de 240 assinaturas, votamos ‘não’ quando nos perguntaram, reclamamos e não fomos atendidos”, reclama.
A cena entristece quem cresceu brincando no espaço, como é o caso da aposentada Odete Maria Pereira, 59. “Queríamos, sim, melhorias, mas não que tirassem as árvores. Por que não mantê-las e melhorar o lugar?”
Além do desmatamento, a construção de outro prédio para a escola está paralisada há três anos. A empresa vencedora da licitação, a BSM Empreendimentos, embolsou cerca de R$ 3,1 milhões para prestar o serviço, mas as obras foram paradas logo no início.
“Serve para disseminar dengue”, diz a administradora Camila Lemi Marquezine, 28. “Já foram encontrados vários focos e ninguém toma providências. Além de prejudicar o ambiente, não pensam nas crianças, que podem ficar doentes.”
Procurada, a Prefeitura informou que a licitação para retomada da construção da Emeb será publicada até fevereiro. O projeto inclui, além da escola, reestruturação das áreas verdes e do paisagismo e construção da quadra. A administração informou que haverá replantio de árvores e recuperação da área degradada.
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