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Luta por casa própria une famílias na região

Sem recursos, população recorre a movimentos de defesa de moradia em busca do sonhado lar

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
12/10/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC:


“Nossa luta não para enquanto não atendermos os milhares de desabrigados que existem pelo País”. A declaração do coordenador do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas), em Diadema, Adilson dos Santos, retrata de forma clara a batalha de moradores que pleiteiam casa própria por todo o Brasil.

No mês em que é comemorado o Dia Mundial do Sem-Teto, celebrado no dia 5, o Diário conta histórias de famílias que se apoiam em movimentos de luta por moradia em ocupações do Grande ABC para conquistar o tão sonhado lar.

Atualmente, 1.400 famílias ocupam áreas privadas e públicas da região em espaços lideradas por grupos de defesa da casa própria. Há ocupações em Diadema, com aproximadamente 300 famílias, e duas em Mauá, sendo uma no Jardim Oratório e outra no Jardim Feital, totalizando 1.100 moradias na cidade. O deficit habitacional entre as sete cidades é de pelo menos 690,5 mil pessoas.

Desempregada, vivendo somente de bicos como faxineira, Maria Cibele de Sousa Cardoso, 30 anos, é uma das mães de família da região que encontrou nos movimentos de luta por moradia uma oportunidade para alcançar o seu sonho.“Não pensei duas vezes antes de agarrar com unhas e dentes o MLB. Essa é a única chance que tenho de conseguir a chave da minha casa própria.”

Mãe de Isabela, 3, e Kethelen, 7, Maria vive atualmente em uma casa de dois cômodos e paga aluguel de R$ 500. Entretanto, sem renda fixa a situação tem se agravado nos últimos meses. “Ou coloco comida em casa, ou pago o aluguel.”

Após não ter sucesso na tentativa de ser contemplada pelo programa Minha Casa, Minha Vida, a moradora de Diadema optou por se revezar entre sua casa alugada e uma pequena barraca em ocupação localizada em terreno na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, no bairro Inamar. “Acredito que tudo dará certo aqui e alguém vai nos atender. De vez em quando, me pego perguntando se um dia vou conseguir oferecer um quarto digno para minhas filhas e segurar a chave da nossa casa nas mãos”, diz emocionada.

Também desempregada, Cilene Fausto dos Santos, 33, é outra que acredita que o movimento por moradia possa lhe ajudar a ter uma casa própria. “A gente liga na (Secretaria da) Habitação e nada. Cada dia fica mais difícil manter o aluguel.”

Para o coordenador do MLB, os movimentos ainda são visto de forma preconceituosa por boa parte da população. “O governo muitas vezes age de forma manipuladora e as pessoas acham que não fazemos nada. O que eles não sabem é que sempre temos um projeto por trás de cada ocupação e que lutamos para proporcionar para essas famílias um direito que deveria ser de todos”, relata Santos.

Para Lisandra Pinheiro, coordenadora de comunicação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), nos últimos anos, a união de famílias junto a estas organizações resultou em avanços para problemas habitacionais no Grande ABC. “Conseguimos muitas coisas durante esse tempo. Agora mesmo estamos em negociação avançada em relação a uma ocupação, localizada em Mauá.”

Geralmente, as invasões ocorrem em áreas particulares e, por isso, é de responsabilidade dos proprietários dos terrenos tomar as medidas cabíveis para reintegração de posse dos espaços. O processo, além de demorado, gera conflitos e, por vezes, necessidade de intervenção policial. 




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