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Mulheres no front

Peça que estreia nesta quinta conta a história de 12
guerrilheiras que sumiram durante a ditadura militar

Miriam Gimenes
08/10/2015 | 07:00
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Divulgação


O ano era 1967 e o Brasil vivia o auge da ditadura militar. Cerca de 70 guerrilheiros arrumaram suas malas e seguiram rumo à região amazônica – entre o Pará e Tocantins – com único objetivo: fazer revolução socialista. Nascia assim a guerrilha do Araguaia, que tinha no grupo 17 mulheres universitárias. Ao fim de uma das lutas armadas mais violentas da história, em 1974, 12 delas estavam mortas e só um corpo foi achado. O resto segue desaparecido.

O enredo despertou a curiosidade da atriz Gabriela Carneiro da Cunha, que foi saber a fundo o embate. Após trabalho de três anos, ela fez a peça Guerrilheiras ou Para a Terra Não Há Desaparecidos, que estará em cartaz de hoje a domingo no Itaú Cultural. A direção é de Georgette Fadel e dramaturgia de Grace Passô.

Um híbrido entre ficção e documentário, o espetáculo foi forma que Gabriela encontrou de se aprofundar neste período da história . “No ano passado, a ditadura militar completou 50 anos. Tivemos a questão da Comissão da Verdade. Queria falar de desaparecidos políticos e, ao ver a lista, vi que metade era da guerrilha do Araguaia.”

Partiu então para a pesquisa: conversou com familiares dos que não foram encontrados, consultou livros e seguiu para o estudo em campo. “Fomos de ônibus refazendo possível viagem que eles fizeram, só que mais de 40 anos depois. Lá conhecemos camponeses que foram presos, mulheres violentadas pelo exército, pessoas que tiveram parentes capturados e mortos.” Detalhe: à época em que os guerrilheiros chegaram, não se identificaram e os camponeses tratavam-os como moradores normais, não sabiam do embate. O Exército, no entanto, não poupou ninguém ao invadir a cidade.

Uma das guerrilheiras, que chamava Valquíria, foi a última a ser assassinada pelo Exército. Antes do fim fatídico, ela havia ficado nove meses escondida na mata, sozinha. “Acho que a peça serve como reflexão poética. Fomos atrás do que moveu essas mulheres a irem para lá. Partimos da história delas para pensar o Brasil”, finaliza.

Guerrilheiras – Teatro. Hoje, amanhã e sábado a apresentação será às 19h30; no domingo, às 19h. Itaú Cultural – Avenida Paulista, 149. São Paulo. Grátis (os ingressos serão distribuídos com 30 minutos de antecedência). 




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