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Em quatro meses, Osorio vai da euforia à saída conturbada do São Paulo
07/10/2015 | 08:30
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Estadão Conteúdo


Juan Carlos Osorio chegou com euforia ao São Paulo e saiu em meio a uma grande crise na cúpula do clube do Morumbi. O técnico, cuja saída será oficializada nesta quarta-feira, passou quatro meses no cargo e foi contratado com a esperança de trazer conhecimentos acadêmicos e inovar no futebol, até se despedir em uma semana conturbada por briga no comando tricolor.

O colombiano chamou a atenção da diretoria pelo currículo acadêmico com passagens na Europa. O ex-assistente técnico do Manchester City tem licenças de treinador obtidas na Uefa e na Associação Holandesa de Futebol. O trabalho consistente e de títulos no futebol colombiano também atraiu o interesse da diretoria, principalmente depois que o Atlético Nacional eliminou o São Paulo na semifinal da Copa Sul-Americana no ano passado.

A passagem de Osorio pelo São Paulo começou em 1º de junho. O primeiro técnico colombiano a trabalhar no Brasil demonstrou emoção ao ser apresentado, revelou estar orgulhoso do desafio de trabalhar na nação pentacampeã mundial e logo no primeiro dia de trabalho subiu ao gramado com uma de suas marcas registradas.

O costume de utilizar uma caneta azul guardada na meia da perna direita e uma de cor vermelha no lado esquerdo chamaram a atenção no começo do trabalho. Fã de anotações constantes, Osorio só não utilizou no São Paulo a tática de mandar bilhetes aos jogadores durante as partidas, como fazia na Colômbia. O idioma atrapalhou.

Osorio estreou no cargo na vitória sobre o Grêmio, no Morumbi, por 2 a 0. O futebol ofensivo e o esquema 4-1-4-1 empolgaram a torcida e logo o treinador ganhou moral. Na rodada seguinte, o São Paulo ganhou da Chapecoense por 1 a 0, fora de casa, e chegou à liderança do Brasileiro.

Na sequência, começaria a primeira crise no comando. Osorio viu o time empatar com o Avaí, no Morumbi, ser goleado por 4 a 0 pelo Palmeiras, perder para o Atlético-PR e empatar sem gols com o Fluminense em casa. Durante essas partidas, o elenco começou a ter a saída de jogadores, o que passou a decepcionar o treinador.

Quando São Paulo e Osorio começaram a negociação, a diretoria disse que a situação financeira do clube não era boa e que um jogador já tinha a saída confirmada. Rodrigo Caio acertaria a transferência para o futebol espanhol, mas de última hora a ida travou por problemas contratuais. Esse problema levou com que, ao longo da passagem do colombiano, outros oito atletas saíssem para poder aliviar as finanças.

As negociações irritaram Osorio. "Não falo que mentiram para mim. Mas tampouco me falaram da situação econômica tão delicada do clube. Eu não sabia. É diferente. Não me enganaram, mas também não me disseram", disse o treinador, em entrevista coletiva. Aos poucos, o time se enfraquecia.

A busca por manter as suas convicções também custou caro. O esquema com três zagueiros, a marcação adiantada, saída de jogo com passes e principalmente o rodízio de titulares custaram tropeços ao São Paulo. A equipe viveu em agosto uma dura série de três derrotas, quando uma outra crise se iniciou.

Ao levar de 3 a 0 para o Goiás em casa, perder de 2 a 1 para os reservas do Ceará no Morumbi e ver o Flamengo vencer de virada por 2 a 1, no Rio, o técnico sentiu o peso das críticas. Um conselheiro enviou para Osorio uma mensagem com ataques às suas decisões e o episódio deixou o ambiente ruim no clube.

O técnico fã de improvisações de jogadores em outras posições via o time continuar irregular e aos poucos deixou o estilo polido das entrevistas. Em setembro, recebeu uma proposta da seleção mexicana e gerou uma repercussão negativa na diretoria do São Paulo ao admitir que não confiava na cúpula do clube.

A tensão aumentou com o suspense sobre a situação do treinador. Em tom de despedida, no último sábado Osorio deixou no ar a possibilidade de deixar o cargo antes mesmo do fim do ano, o que acabou por se concretizar nesta terça-feira, em meio a um racha entre a cúpula do São Paulo.




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