Política Titulo Editorial
O fisiologismo venceu
Do Diário do Grande ABC
03/10/2015 | 09:02
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Aline Pietri/DGABC


Fisiologismo. O Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa explica o significado da palavra: “Conduta ou prática de certos representantes e servidores públicos que visa à satisfação de interesses ou vantagens pessoais ou partidários, em detrimento do bem comum”. Não há, portanto, como dissociar o termo do resultado da reforma ministerial anunciada ontem pela presidente Dilma Rousseff (PT). Salta aos olhos que a reengenharia de cargos no Planalto, pelas trocas promovidas, atende mais à tentativa da chefe da Nação de escapar do impeachment que ao interesse público.

A substituição do professor titular de Ética e Filosofia Política Renato Janine Ribeiro pelo petista Aloizio Mercadante no comando do Ministério da Educação é certamente a mais inexplicável das alterações feitas por Dilma. Elogiado por dez entre dez especialistas na época de sua nomeação, em abril, perdeu o posto apenas para que sobrasse cadeira para acomodar um político que mais cria problemas para o governo que os soluciona.

E o que dizer da Saúde? A presidente sacrificou Arthur Chioro – que tem lá os seus defeitos, mas, sendo médico sanitarista, não pode ser acusado de neófito no assunto – para ampliar o espaço do PMDB na Esplanada dos Ministérios, já que o partido ameaça, além de dar andamento aos muitos pedidos de impedimento da chefe da Nação, não colaborar na aprovação das medidas do ajuste fiscal necessário para tirar o País da crise. E, assim, o deputado federal Marcelo Castro, do Piauí, passa a responder por orçamento de mais de R$ 100 bilhões anuais.

Como efeito prático da reforma que fez, Dilma Rousseff pode até se segurar no posto por algum tempo, ou até o fim do mandato, em 2018, mas o seu governo já se encerrou. Expirou o prazo de validade da reeleição conquistada nas urnas. Ela ainda permanece com a faixa presidencial no peito, mas assumiu perante a sociedade que, de fato, não tem mais o comando do Brasil. Renunciou à possibilidade de vir a ser estadista para virar mera refém da velha política nacional. 




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