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Audiência do orçamento estadual ocorre esvaziada
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
28/05/2010 | 07:45
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A audiência pública que debateu as prioridades para o orçamento estadual de 2011, ontem, na Câmara de São Bernardo, foi marcada pela ausência dos prefeitos do Grande ABC. Apenas dois dos sete chefes de Executivo da região compareceram à atividade: os petistas Luiz Marinho, de São Bernardo, e Mário Reali, de Diadema.

O descaso dos comandantes municipais foi criticado pelo deputado José Bittencourt (PDT). "Primeiramente, reclamo da falta dos prefeitos da região. Lamento, porque poderiam encampar as demandas discutidas no Consórcio (Intermunicipal)", frisou o pedetista.

Indagado sobre a lacuna deixada pelos chefes de executivo, Luiz Marinho salientou que "a região tem de se mobilizar" pelas suas causas e que não se movimentar em bloco na atividade foi uma "falha". "Tudo aconteceu rápido, fomos avisados em cima da hora. Não conseguimos conversar sobre isso. Eles ficaram sabendo, de fato, mas ocorreu falha no processo", lamentou.

O comparecimento de vereadores locais também decepcionou - ainda que alguns enviaram representantes. Dos 108 parlamentares do Grande ABC, apenas quatro participaram do evento, todos do município anfitrião: Tião Mateus (PT), Luiz Francisco da Silva, o Luizinho (PT), Antônio Cabrera (PSB) e Hiroyuki Minami (PSDB).

Destaque positivo para a bancada de deputados da região. Seis dos oito parlamentares estiveram na audiência. As ausências foram dos tucanos Orlando Morando (São Bernardo) e José Augusto (Diadema).

Foi a nona de 15 regiões paulistas a serem visitadas pela Comissão de Finanças e Orçamento da Assembleia Legislativa, que coleta as demandas da população para serem inseridas no planejamento de investimentos do governo estadual no ano que vem.

PROPOSTAS - As propostas dos políticos e munícipes que participaram da audiência pública foram semelhantes às sugeridas no mesmo encontro do ano passado. Sinal de que muitas demandas não foram atendidas, avaliaram os participantes do evento.

Em 2009 e neste ano foram apresentadas sugestões nas áreas de Saneamento (manutenção e operação dos piscinões), Saúde (ampliação do Hospital Estadual Serraria de Diadema e construção de nova unidade em São Bernardo - já em andamento, mas com recursos do município e da União), Habitação (reurbanização de favelas e criação de unidades populares) e Transporte (recursos para construção do corredor Diadema-Berrini - o Estado retomou as obras).

Ontem, também foram propostas as instalações de IML (Instituto Médico Legal) e delegacia seccional em Mauá, patrulha policial por meio de helicóptero na região e melhoria salarial aos servidores do Estado.

Atividade beira palanque eleitoral

As demandas de 2009 não cumpridas pelo governo do Estado e os serviços prestados pelo Executivo paulista geraram críticas por parte da maioria de políticos petistas que compareceram à audiência pública, que beirou palanque pré-eleitoral.

O chefe do Executivo de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), não poupou críticas à atuação do governo estadual. "O Estado retomou as obras da linha de trolebus, mas é a única coisa que foi debatida no ano passado que foi executada, ainda que parcialmente. Tem de haver a proposta e tem de efetivar as demandas. Mas se somente ouve, ouve, ouve e nada é incorporado, pode produzir efeito de desgaste e o trabalho dos deputados cair em descrédito", disparou o petista, ao citar problemas na Segurança, Saúde, Drenagem e Transporte.

O prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), destacou as deficiências na área médica. "Temos mais de 2,5 milhões de habitantes e dois hospitais estaduais para dar conta da demanda. Precisamos equipar e melhorar o Hospital Nardini, em Mauá, e de novo hospital em São Bernardo."

Em discurso que pregou mudança de comando do Palácio dos Bandeirantes, o deputado Ênio Tatto (PT) ressaltou que o orçamento estadual vai atingir R$ 140 bilhões em 2011 e que "não daria para meia dúzia de pessoas saber onde irá aplicar esse dinheiro todo". "Apesar de muitas vezes as demandas não serem contempladas, não podemos desanimar. Temos de perseverar."

A politização da atividade desagradou o presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Assembleia Legislativa, Mauro Bragato. "Isso atrapalha a audiência que visa discutir o orçamento. Esse período pré-eleitoral pode ter influenciado."

Sobre as propostas feitas em 2009 que não foram atendidas, o tucano ressaltou que é opção do Executivo, "apesar de muitas obras e projetos serem direcionados à região", como o Trecho Sul do Rodoanel.




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