Política Titulo Editorial
No olho do furacão
Do Diário do Grande ABC
05/09/2015 | 08:40
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Aline Pietri/DGABC


A crise econômica por que passa o Brasil tem revelado sua face cruel ao Grande ABC, região que se equilibra financeira e socialmente sobre os dividendos gerados pelas indústrias da cadeia automotiva. A situação piora a cada vez que a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) vem a público divulgar os dados de produção. Ontem, em mais um de seus balanços, a entidade anunciou que o volume de carros, picapes, caminhões e ônibus montados no País regrediu 16,9% de janeiro até agosto. Péssimo.

Em oito meses, foi fabricado no Brasil 1,73 milhão de unidades. O número é praticamente o mesmo de nove anos atrás, em 2006, quando a quantidade de veículos que deixaram a linha de montagem foi de 1,62 milhão. A retração é provocada pela escassez de clientes nas lojas. Endividadas, sem crédito e com pouca perspectiva de melhora no cenário, as pessoas deixaram as concessionárias às moscas.

A redução da comercialização de automóveis leves e pesados no mercado interno poderia ser compensada com exportações, favorecidas pela desvalorização do real ante o dólar. No entanto, faltam políticas voltadas para ampliar o mercado externo. Acordos bilaterais avançam com passos de tartaruga. Há inúmeros países interessados em adquirir veículos fabricados no Brasil, especialmente na América do Sul, mas o governo federal não se empenha em afinar as negociações que permitiriam diminuir o gigantesco estoque nos pátios das montadoras – que hoje acumulam produtos suficientes para abastecer as lojas por 52 dias! Um absurdo.

Todas as nações desenvolvidas apostam nas exportações para superar momentos de crises domésticas. O Brasil, todavia, fez exatamente o contrário. Na última década, jogou todas as suas fichas no consumidor interno, acreditando que poderia manter o crescimento econômico em alta. Porém, bastou a recessão dar as caras para o País sentir efeitos malignos. Pior para o Grande ABC, que depende demasiadamente da indústria automotiva, que se encontra no olho do furacão. 




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