Setecidades Titulo Entre 2010 e 2014
Região tem alta de 19,8% nas cesáreas entre 2010 e 2014

Número de cirurgias passou de 4.746 para
5.686; houve queda de 4,9% nos partos normais

Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande ABC
30/08/2015 | 07:07
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Ari Paleta/DGABC


O número de partos de cesáreas feitas na rede municipal de Saúde do Grande ABC teve alta de 19,8%, nos últimos quatro anos. Enquanto em 2010, ocorreu 4.746 nascimentos por procedimentos cesareanos, no ano passado o número subiu para 5.686.

Em contrapartida, a quantidade partos normais recuou 4,9%. Há quatro anos, o procedimento natural foi efetuado 7.334 vezes e no ano passado o número registros foi de 6.971.

Os dados foram divulgados pelas Prefeituras, com exceção de Diadema e Rio Grande da Serra, que não retornaram à solicitação do Diário.

Na rede particular, a quantidade de cesáreas é bem maior. No Hospital e Maternidade Brasil, em Santo André, os números de 2013 mostram 3.223 procedimentos cesareanos, contra 199 normais. Em 2014, 3.464 partos, foram realizados por meio de cesárea, enquanto 268 naturais.

Pesquisa do Ministério da Saúde, em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada neste mês mostra que no Brasil, 35,79% das cesáreas foram marcadas com antecedência no SUS (Sistema Único de Saúde), e, no sistema privado, 74,16%. O Hospital da Mulher de Santo André, por exemplo, frisa que em todos os casos são preconizados o parto normal e o único jeito de marcação de cesariana é quando a gestante já tem um histórico de duas ou mais cesarianas anteriores.

Quando a cesárea não é por precisão, pode ser por escolha da mãe. O professor titular de Obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC e coordenador de ensino do Hospital da Mulher de Santo André, Mauro Sancovski, explica que as mulheres que pedem pelo procedimento querem evitar o trabalho de parto, que pode chegar a 12 horas. Esse foi um dos motivos que fez a enfermeira Elaine Miranda Krauss, 35 anos, de Santo André, optar pela cirurgia. “Meu medo era ficar muito tempo em trabalho de parto, que é muito desgastante, e de estar a caminho para ganhar bebê, não dar tempo e o nascimento ter de ser por fórceps, como ocorreu na gestação da minha irmã”, contou ela, que deu à luz à Maitê, no dia 15.

A assistente administrativa Juliana Aparecida Teixeira, 24, moradora de Mauá e mãe de Jorge, 5 meses, queria parto normal, mas esbarrou na orientação de seu médico. “Ele preferiu fazer cesárea porque minha bolsa havia rompido há quatro dias e eu tinha perdido muito líquido. Eu já tinha seis dedos de dilatação, até poderia esperar, mas meu médico achou melhor a cesárea.”

A analista de validação Mariana Campello Consentini, 30, de São Caetano, não abriu mão do parto normal. Após oito horas de trabalho de parto, nasceu Alice, que está com 40 dias de vida. “É comprovado que o parto normal traz benefícios não só para a mãe, mas também para o bebê. Acredito que o que falta para a maioria das mulheres é informação.”

“O parto normal é melhor, a recuperação é melhor, mas a mulher tem de estar preparada. É preciso orientação”, destaca Sancovski. Já o médico obstetra e parteiro Paulo César Noronha, salienta que os profissionais devem informar as mulheres “com sinceridade e embasados nas melhores evidências científicas” para que elas possam fazer as suas escolhas com consciência.

Maternidades da região destacam ações de incentivo ao parto normal

Por ser a cesárea um procedimento cirúrgico e trazer os possíveis riscos de uma cirurgia, como complicação anestésica e maior probabilidade de sangramento, maternidades promovem ações de incentivo ao parto normal. O Hospital e Maternidade Brasil destacou que conta 24 horas por dia com equipe completa de enfermeiros obstetras nos setores de Maternidade, Pronto Atendimento e Centro Obstétrico, para o acompanhamento de todo o período do trabalho de parto.

Na rede municipal de Mauá, durante o Pré-Natal é ofertada às gestantes a participação nos grupos de orientação, em que são abordados todos os benefícios do parto normal.

Em São Bernardo, no serviço público, as futuras mamães são convidadas a conhecer a maternidade do HMU (Hospital Municipal Universitário) no projeto Bebê a Bordo. Lá, são apresentadas as instalações e esclarecidas dúvidas sobre o parto e o pós-parto.

Na cidade de Santo André, a Casita, espaço de convivência humanizado para gestante à primeira infância, promove a troca de informação baseada nas evidências científicas e cada família escolhe seu plano de parto, segundo a idealizadora do local, Carla Capuano, 40 anos. “Gratuitamente, a Casita promove encontros presenciais semanais com temas sobre parto humanizado e amamentação, além de contarmos com grupo no Facebook, chamado Casita ABC. Ambos informam e promovem o apoio emocional para a famílias gestantes e lactantes.”
 




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