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Companhias de exploração de petróleo cortam gastos, o que pode afetar oferta
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27/08/2015 | 14:35
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Quando os preços do petróleo começaram a cair, no último verão boreal, a Genel Energy, pequena companhia do setor de exploração da commodity listada em Londres, pediu que o governo da Etiópia ampliasse sua licença de exploração, para que pudesse adiar a extração e economizar dinheiro. Em todo o setor, companhias internacionais que buscam petróleo em zonas pouco usuais estão renegociando seus compromissos de exploração, vendendo a participação em licenças e cancelando planos para explorar poços, custe o que custar, para equilibrar orçamentos impactados pelos custosos programas de prospecção.

"Quando o capital se torna muito escasso, você acaba tendo discussões muito delicadas com os governos sobre como rever sua atividade para refletir a nova realidade", disse Tony Hayward, ex-executivo-chefe da BP e agora presidente da Genel.

A ação dessas companhias de exploração reflete a luta muito mais ampla do setor - das maiores companhias de petróleo integradas do mundo até as gigantes estatais - para cortar custos.

Esses atores menores, porém, são uma parte vital da cadeia do setor de energia. Elas são pequenas e ágeis o suficiente para apostar em regiões mais arriscadas, onde as principais empresas não querem apostar. Quando encontram um grande depósito, geralmente formam uma parceria com uma das maiores companhias para desenvolver a descoberta.

O BG Group, sediado em Londres, atuou mais cedo no Brasil, por exemplo. A Royal Dutch Shell concordou em comprar neste ano a BG por US$ 70 bilhões. A Anadarko Petroleum, sediada no Texas, foi a primeira a chegar a Moçambique. A Ophir Energy, sediada em Londres, foi à Tanzânia antes da maioria, enquanto a Noble Energy, listada nos EUA e sediada em Houston, assumiu o risco de explorar gás natural offshore em Israel, encontrando uma grande reserva.

Agora, esses atores menores recuam, com executivos da indústria advertindo que isso pode resultar em menos grandes descobertas pela frente. O resultado pode prejudicar a oferta em anos futuros.

Reduções anteriores na exploração foram atribuídas ao cenário do mercado. No fim dos anos 1990, os preços da commodity tiveram forte queda, disparando uma rodada de grande consolidação e redução nos gastos com exploração. Isso voltou a assombrar o mundo quando a demanda asiática aumentou alguns anos depois, e o crescimento da oferta não conseguia acompanhar - provocando forte alta nos preços.

"Não há dúvida de que quando você tira tanto capital da indústria isso tem consequências na oferta futura", afirmou Hayward. "Isso provavelmente levará alguns anos antes de se tornar realmente aparente."

A retirada de investimentos vem na esteira de cancelamentos e atrasos de cerca de US$ 200 bilhões em novos projetos de petróleo e gás natural, segundo estimativas da consultoria de energia Wood Mackenzie.

Neste ano, os gastos com exploração pelo setor global de petróleo devem cair em média em 30%, na comparação com os US$ 70 bilhões do ano passado. A gigante petroleira Exxon Mobil cortou seus gastos com capital e exploração em 16% no segundo trimestre do ano, na comparação com igual período do ano anterior.

O número de poços sendo explorados ou em fase de planejamento neste ano deve cair 26% pelo mundo, para 1.004, segundo a companhia britânica de fornecimento de dados do setor de energia 1 Derrick. As empresas menores, porém, estão fazendo os maiores cortes, disse Andrew Latham, vice-presidente para pesquisa sobre exploração da Wood Mackenzie.

"Para tomar decisões de investimento é preciso estabilidade [nos preços do petróleo], e não há estabilidade no momento", disse Aidan Heavey, executivo-chefe da maior exploradora independente de petróleo do Reino Unido, a Tullow Oil. A empresa com foco na África já cortou seu orçamento para exploração em 80%, para US$ 200 milhões. Também cancelou planos de explorar em águas profundas offshore mais caras na Mauritânia, previstos para este ano, e busca diminuir sua participação em outras licenças na Mauritânia e na Namíbia, em um esforço para reduzir projetos que não dão lucro com os preços do petróleo em menos de US$ 50 o barril. Fonte: Dow Jones Newswires.




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