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Primeira bariátrica faz 15 anos

Operação de redução do estômago beneficiou 141 pessoas da região em hospitais da rede pública em 2014; procedimento evoluiu com o tempo

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
04/08/2015 | 07:00
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Hoje difundida, a cirurgia bariátrica (que reduz o tamanho do estômago) era inédita na região 15 anos atrás, quando, em 3 de agosto de 2000, foi realizado o primeiro procedimento do Grande ABC, no Hospital Assunção, em São Bernardo. A recepcionista Roseli Moreti Schiller, na época com 31 anos e 102 quilos, foi a paciente atendida pela equipe composta pelos cirurgiões Marçal Rossi, Renato Barretto Ferreira da Silva, Paulo Fernando Regina e Geraldo Alcântara Júnior. Como convidados, estavam presentes Arthur Belarmino Garrido Júnior, do Hospital das Clínicas, e Thomas Szego, do Hospital Albert Einstein, ambos em São Paulo.

De lá para cá, o procedimento teve grande evolução, como explica Silva, cirurgião bariátrico do Hospital Assunção e Hospital e Maternidade Brasil e que participou da ocasião. “Naquela época, a técnica era convencional (corte) e ela evoluiu para a videolaparoscopia, na qual são feitas pequenas incisões e o trauma se tornou menor ”, fala. Neste tipo, o especialista faz de três a cinco pequenos furos no abdômen e introduz os instrumentos necessários, colocando inclusive uma microcâmera ligada a um monitor, que permite a visualização do estômago e a realização da cirurgia.

Apesar de não contar com tanta tecnologia naquela época, o médico afirma que a primeira intervenção realizada na região não foi complicada. “Começamos a nos preparar em 1999”, lembra. O Diário não conseguiu localizar Roseli, mas Silva tem notícias de que ela “continua com a qualidade de vida” que ganhou após a operação.

De acordo com o vice-presidente executivo da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) e que também participou da cirurgia pioneira na região, Marçal Rossi, a obesidade é mais frequente nas mulheres, por isso, o índice de cirurgias no sexo feminino chega a 70% do total. A supervisora administrativa Kátia Maria Alves Gomes, 31, de Diadema, passará pela cirurgia no dia 25 de setembro, em hospital da Capital. Com 1,62 m, ela pesa 130 quilos e a meta é chegar aos 65 quilos. “Simplesmente metade de mim”, salienta, aos risos, garantindo que a ansiedade está “normal”.

Já a assistente contábil Jéssica Caroline de Paulo Bittencourt, 30, de Ribeirão Pires, operou em novembro de 2013. Medindo 1,67 m, ela passou de 127 quilos para 70 quilos. “Antes da cirurgia, eu criava um mundo particular cercado de frustrações e quanto mais a gente se frustra, mais come. Eu amava mais comer do que a mim mesma”, recorda. “Hoje sou uma pessoa de bem com a vida, segura, consigo escolher a roupa que quero usar, não incomodo mais ninguém na condução, refiz e conquistei novas amizades, sou aberta para novos horizontes, enfim, me refiz como pessoa e nada paga esse prazer de me sentir viva”, conclui.

País é o segundo que mais faz a cirurgia

O Brasil é o segundo país no mundo que mais realiza cirurgia bariátrica, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica). Em 2014 foram feitas 88 mil cirurgias. Cerca de 10% das intervenções realizadas acontecem pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Na rede particular, o custo pode chegar a R$ 35 mil.

No Grande ABC, dois hospitais estaduais fazem a intervenção. A Secretaria de Saúde do Estado informou que o Hospital Mário Covas contabilizou, no ano passado, 115 cirurgias e, este ano, 72 até julho. Informações da Pasta municipal dão conta de que a central de regulação da cidade tem 146 pessoas em fila de espera para avaliação médica por obesidade mórbida. No entanto, isso não quer dizer que todas tenham indicação para cirurgia.

Já no Hospital Serraria, em Diadema, 26 pessoas passaram pelo procedimento cirúrgico no ano passado e 17 até o último mês. Não foi informado a quantidade de pacientes em espera pela operação.

No setor privado, duas unidades da Rede D'or são referências em cirurgia bariátrica, na região. No Hospital Assunção, em São Bernardo, ocorreram 37 operações neste ano. Não foi informada o número de intervenções feitas no Hospital e Maternidade Brasil, em Santo André.

“A perda significativa de peso eleva a autoestima e recoloca o indivíduo na esfera social, já que os obesos tendem a se isolar do convívio por vergonha ou preconceito”, destaca o cirurgião Marçal Rossi.




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