A última vez que o ouro atingiu um preço recorde foi em 1980. No fechamento de sexta-feira, ele ficou 57% abaixo do seu pico de 1980, no dado ajustado pela inflação. O Dow Jones Industrial Average, também ajustado para a inflação, atingiu seu último recorde em 19 de maio. Na sexta-feira, ficou 3,7% abaixo daquele nível.
Os investidores estão nervosos o suficiente para não levar as ações a novos recordes, mas não estão estressados o suficiente para vender fortemente ou comprar ouro.
"Nós vemos o ouro como um ativo para um cenário Armageddon", explica Jim McDonald, estrategista-chefe de investimentos do Northern Trust Corp. Tal cenário não está entre suas preocupações hoje.
Recentemente, em setembro de 2012, a situação era diferente. Em meio a temores sobre o sistema financeiro, a Northern Trust tinha US$ 2,9 bilhões aplicados em um fundo de ouro negociado em bolsa. Mais tarde, a empresa começou a incentivar os clientes a vender e a maioria aceitou seu conselho. Hoje, Northern Trust tem US$ 58 milhões nesse fundo. "O mundo parecia estar começando a ficar melhor", diz McDonald.
Esta é uma percepção contra a qual John Hathaway luta com a cada dia. Ele dirige a Gold Fund Tocqueville e estudou mais sobre ouro do que a maioria dos investidores. Seu fundo, que detém ações de empresas de mineração de ouro, bem como de metais preciosos, foi avaliado em mais de US$ 3 bilhões em 2011. Hoje, conta com pouco mais de US$ 900 milhões, em parte devido aos saques, mas principalmente por conta dos preços em queda livre de metais preciosos e de ações de empresas de mineração de ouro, disse.
"Eu penso comigo mesmo: O que é que iria reacender o interesse pelo ouro?", diz Hathaway. "Um mercado 'bear' (pessimista) ou um período de adversidade do mercado financeiro", responde a si mesmo.
Com os bancos centrais bombardeando economias e mercados financeiros com dinheiro barato, Hathaway diz que outra crise financeira ou uma recessão não é improvável.
"Muito do que o Federal Reserve tem feito para melhor ou pior é fazer com que o capital flua para ativos mais arriscados. Se essa tática parar de funcionar, se as pessoas perderem a confiança nesses ativos financeiros, você teria automaticamente uma perda de confiança nos dirigentes dos bancos centrais e em tudo que eles têm feito", afirma.
Mas até que algo assim aconteça, acrescenta, o ouro pode continuar a sofrer.
As pessoas que concordam com ele dizem que os investidores tornaram-se complacentes e estão caminhando para uma derrocada. A maioria das pessoas, no entanto, está mais preocupada com novas quedas de ouro do que com uma crise financeira. A confiança desses investidores reflete uma lição aprendida nos últimos anos: os esforços da autoridade monetária para estabilizar os mercados em todo o mundo têm funcionado, pelo menos até agora. A confiança nos bancos centrais é alta.
"Parece que o ouro está em um declínio que não vai parar a qualquer momento em breve", diz Kristina Hooper, estrategista de investimento dos EUA da Allianz Global Investors, que gere US$ 488 bilhões. A Allianz está pedindo aos clientes que se desfaçam do ouro, a menos que tenham um horizonte de investimento de muito longo prazo.
A companhia de investimentos recomenda uma única matéria-prima: água. A gestora gosta de empresas que purificam a água, distribuem água e produzem água para venda. "Nós podemos chegar a um dia, nos próximos anos, em que um galão de água custará mais do que um galão de petróleo", diz Kristina Hooper.
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