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Brasil e Suécia selam acordo do Gripen NG

Contrato, que teve juros de financiamento reduzidos a 2,19%, precisa ser aprovado pelo Senado

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
30/07/2015 | 07:24
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Soraia Abreu Pedrozo/DGABC


Após três dias de negociações, os governos brasileiro e sueco concluíram ontem, no Ministério da Defesa, o acordo para a compra de 36 aeronaves Gripen NG para renovar a frota da FAB (Força Aérea Brasileira). O contrato, firmado em outubro – dez meses após o anúncio de que o avião-caça da Saab tinha sido escolhido – totalizava US$ 5,4 bilhões. A União pleiteou a redução da taxa de juros do financiamento do projeto, que era de 2,54%, para ajudar no ajuste fiscal, e conseguiu chegar em 2,19%.

“A solução foi boa para ambos os países. Vamos entrar em um mundo de tecnologia avançada. Dentro de dez a 12 dias ratificaremos o contrato e teremos mais de 200 brasileiros indo a Suécia para treinamento”, afirmou o ministro da Defesa, Jaques Wagner. “O contrato já era bom prevendo oito anos e meio de carência e 25 anos para o pagamento.”

Wagner considerou natural o Executivo ter insistido em reduzir a taxa de juros do contrato. “O governo não poderia assinar em 2015 um contrato com a taxa de 2014. Conseguimos acordar a taxa da data de assinatura do contrato. Um ganho para os dois países na consolidação dessa parceria estratégica”, disse o ministro referindo-se à queda das taxas de juros na Europa.

Com o fim das negociações entre os países, o contrato segue agora os trâmites legais para aprovação final no Senado Federal – tanto na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) quanto no plenário.

GRANDE ABC - A primeira aeronave será entregue em 2019 e, a última, em 2024. O contrato prevê a transferência de tecnologia e a fabricação de 15 das 36 unidades no Brasil, incluindo oito unidades de dois lugares – modelo criado especialmente para a FAB.

E é aí que o Grande ABC entra. Parceria entre a Saab e Grupo InbraFiltro, de Mauá, que produz estruturas metálicas para os setores de defesa e Segurança, a exemplo de portas blindadas para aeronaves da Embraer, a SBTA (São Bernardo Tecnologias Aeronáuticas) vai gerenciar a cadeia de suprimentos e produzir partes estruturais do Gripen NG, como as asas do avião supersônico e as partes traseira e dianteira da fuselagem.

A Saab vai investir US$ 150 milhões na iniciativa, e a expectativa é que a SBTA fature entre US$ 40 milhões e US$ 60 milhões de cinco a sete anos. O início da construção da fábrica deverá ocorrer em 2018. Até lá, a ideia é que os profissionais envolvidos realizem treinamento na Suécia, a fim de adquirir know-how para a produção da fuselagem, que exige altíssima precisão.

No início do processo, em 2008, quando foi realizado pedido de oferta da Aeronáutica para a renovação de sua frota, a Saab cogitava apenas a cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, para promover negócios, pois era famosa por sediar a Embraer e ter muitas empresas atuantes no segmento da defesa.

Foi quando o prefeito são-bernardense Luiz Marinho começou a se aproximar da fabricante sueca e incentivar investimentos na cidade ao demonstrar interesse em diversificar a vocação local para a indústria da defesa – além de fazer lobby junto ao governo federal para que ela fosse a preferida em relação às outras duas concorrentes, a Dassault (com o Rafale) e a norte-americana Boeing (com o Super Hornet F-18).

Em 2010, a Prefeitura e a Saab selaram acordo para a criação do Cisb (Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro), em que a fabricante sueca investiria US$ 50 milhões em cinco anos, para aproximar empresas e universidades.


Mangabeira Unger vem à região na 2ª

O ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil, Roberto Mangabeira Unger, virá à região na segunda-feira. Ele participará da assembleia dos prefeitos realizada no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

O motivo que trará o ministro a Santo André é um convite feito pelo secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Giovanni Rocco, em visita a Mangabeira Unger na semana passada, em Brasília. “Fomos convidados para falar sobre a experiência de tratar em conjunto os problemas, as soluções e os projetos para as sete cidades, para que sigam nosso modelo”, conta. “Aproveitei para contar do estudo preliminar que estamos realizando sobre a indústria da defesa no Grande ABC. Eles ficaram impressionados e aceitaram vir até aqui saber mais.”

Conforme o Diário antecipou, serão injetados R$ 92 mil para finalizar estudo, que consumiu iguais R$ 92 mil em 2014, e identificou as 28 companhias da região que já fornecem para a cadeia e as 199 com potencial para vir a suprir o setor. “A ideia do levantamento é também detectar como os suecos se relacionam com os seus fornecedores, e quais são suas exigências, para preparar nossas empresas. Quanto mais informações tivermos, mais chances elas terão de participar do processo de produção do Gripen NG”, afirma Rocco.  




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